Dra. Priscila Pyrrho é ginecologista e obstetra com visão integrativa da saúde da mulher
Muito se fala sobre os riscos de se fazer reposição hormonal, principalmente de testosterona. Porém, a falta deste hormônio também impõe riscos à saúde.
A testosterona é um hormônio responsável pelas características masculinas mas também está presente nas mulheres, e pouca gente sabe, inclusive, que ele é o hormônio mais abundante na mulher, superando estrogênio em 3 a 4 vezes mais.
Não é à toa que ele é tão importante para a libido, formação da massa muscular e perda de gordura. A baixa testosterona em nosso organismo aumenta o risco de depressão, demência, falta de memória, reduz a massa muscular e massa óssea, o que pode levar ao aumento de doenças metabólicas como obesidade, diabetes, resistência insulínica, alterações de colesterol e doenças cardiovasculares.
Desse modo, é importante compararmos os riscos da reposição hormonal com a sua falta. O risco da reposição da testosterona está associado a eventos cardiovasculares, principalmente pela alteração do colesterol e aumento do hematócrito, o que pode desencadear trombos e infarto.
Estudos evidenciaram a segurança do uso de testosterona mesmo em transgêneros masculinos, que chegam a usar doses 15 vezes maiores de testosterona do que em uma mulher cisgênero usaria para reposição.
Nesses casos, em que as doses foram muito altas, observou-se um aumento de risco entre 1,2% a 3,7% para eventos cardiovasculares, mas, quando o acompanhamento é feito por um médico, a eficácia e a segurança da terapia faz ser possível e os eventos foram controlados. Diante disso, considera-se que em doses baixas e para pacientes que têm indicação e acompanhamento, a reposição de testosterona é sim, bastante segura, e com riscos muito pequenos.
Nada na vida é sem risco, mas o risco de ficar sem o hormônio também é real. O ideal é que a dose da reposição hormonal com testosterona fique na zona hormética que pode ser considerada a zona ideal de quantidade hormonal.
Então, quando se está nessa zona, o paciente tem muita segurança e muito benefício. Uma comparação que é fácil de entender é a tireoide. Se eu tenho muito hormônio tireoidiano, eu tenho hipertireoidismo e eu não estou saudável. Eu tenho tremores, emagrecimento, boca seca, queda capilar. E, ao contrário, se eu tenho hipotireoidismo, eu terei lentidão, ganho de peso, falta de concentração, entre outros problemas de saúde. Tanto o excesso quanto a falta de hormônios são ruins.
Voltando para a questão do hormônio da testosterona, o caso é bem semelhante. Para alguns pacientes, será preciso reduzir a dose, para outros, aumentar, pois tanto o estrogênio quanto a testosterona em baixa ou em excesso são prejudiciais para a saúde. E o que é preciso buscar é essa zona ideal, o que é um processo individualizado para cada paciente.
Inclusive para fins estéticos, em doses baixas e pela via correta, a reposição de testosterona traz menos risco que uma lipoaspiração, por exemplo, mas infelizmente ainda não existe liberação do uso da testosterona para esse fim. De forma geral, é imprescindível que se faça uma reposição de testosterona respeitando os limites da zona hormética e com acompanhamento médico.
Dra. Priscila Pyrrho é ginecologista e obstetra com visão integrativa da saúde da mulher. Pós-graduada em Medicina Fetal (Cetrus); pós-graduada em Termografia (FEMUSP); pós-graduada em Biofísica e Biorressonância (QuantimBio); pós-graduada em Medicina Integrativa (PUC); especialização em Sexualidade (Delphos); especialização em Ortomolecular (CMI) e com formação em Medicina do Estilo de Vida (MEV Brasil).
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