Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Em depoimento à Polícia Federal (PF), na quarta-feira (26), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que estava sob efeito de morfina quando compartilhou, “de forma equivocada”, um vídeo que contesta o sistema eleitoral brasileiro. O fato ocorreu dois dias após os atos golpistas de 8 de janeiro.
De acordo com a defesa do ex-presidente, naquela ocasião, ele havia recém recebido alta hospitalar após ser internado em razão de uma crise de obstrução intestinal nos Estados Unidos. No hospital, os médicos teriam administrado morfina a Bolsonaro.
“Ele teve uma crise de obstrução intestinal, foi submetido a tratamento com morfina, foi hospitalizado e só recebeu alta na tarde do dia 10. Esta postagem foi feita de forma equivocada”, disse o advogado Paulo Cunha Bueno, que acompanhou o ex-presidente no depoimento.
A morfina é um medicamento potente, da classe dos opióides, indicado para o alívio da dor crônica ou aguda quando os analgésicos regulares não são suficientes para o paciente. A droga atua principalmente nos receptores opiáceos, responsáveis por mediar a dor e a sedação.
“A morfina é bem utilizada para situações em que há níveis altos de dor. Quando a analgesia normal não é suficiente para o paciente, o protocolo de tratamento de dor evolui para analgésicos opioides”, afirma o farmacêutico Alexandre Martins, conselheiro do Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal (CRF-DF).
Segundo Martins, os efeitos colaterais da morfina dependem da dose administrada. Em um tratamento convencional, o medicamento pode causar tontura, vertigem, náusea, vômito e sudorese, mas é pouco provável que cause confusão mental se administrado de acordo com o protocolo de tratamento de dor.
“Na prática, quando é usada em doses normais, a morfina gera sonolência. A pessoa fica preguiçosa, mas não perde o discernimento. Ela consegue tomar decisões”, afirma Martins.
De acordo com o profissional, altas doses são indicadas para casos específicos, como o de pacientes oncológicos com dor crônica que tenham aumentado a tolerância à sedação.
“Pacientes que tomam morfina todos os dias passam a não sentir mais os efeitos e precisam ter a dose aumentada a fim de obter sedação”, esclarece.
Uma possibilidade para a confusão mental alegada pelo ex-presidente seria a interação medicamentosa, quando diferentes medicamentos são usados juntos e seus efeitos são potencializados. As informações são do Metrópoles.
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