Nas feiras é possível encontrar o produto por até R$ 40 o cento
Foto: Arisson Marinho/CORREIO
“Quarenta reais! Está uma facada”. O espanto de um cliente que percorre a Feira das Sete Portas em busca de quiabos para o tradicional caruru da Sexta-feira Santa ecoa entre os outros compradores do local. Com a Semana Santa cada vez mais próxima, os altos preços dificultam os planos de quem não comprou os ingredientes da ceia antecipadamente. Conteúdo Correio
Matheus de Jesus, 19, auxilia o tio em uma barraca da feira. Para obter maior lucro, eles vendem o legume apenas aos centos. Segundo o feirante, cem quiabos custavam R$ 10 na semana passada, até a terça-feira (04) estavam por R$ 24 e, nesta quarta-feira (05), o preço chegou a R$ 40. Há expectativa dos vendedores de que aumente ainda mais nos dias seguintes. Nesse mesmo período do ano passado, o quilo do quiabo saltou de R$ 8 para R$ 12, de acordo com uma pesquisa realizada pela reportagem, na época, na Feira de São Joaquim.
De acordo com o Centro de Abastecimento da Bahia (Ceasa), o quilo do quiabo, nesta quarta-feira (05), custava R$ 14,00. Na Feira das Sete Portas, entretanto, vendedores afirmaram que os preços do legume no centro são os mesmos em todas as lojas: enquanto o cento custa agora R$ 40, o quilo está a R$ 25.
Sonilda Batista, 43, usou a tarde de ontem para comprar os ingredientes do caruru e se assustou com o preço do quiabo. “Aumentou muito! Semana passada eu comprei quiabo e o quilo estava a, se não me engano, R$ 1,99”, declarou.
Devido ao aumento da procura de itens específicos em épocas comemorativas, é comum que os preços também sofram ajustes. Dejair Dias, 24, feirante, afirma que isso acontece todos os anos, devido à alta demanda do período. Para ele, apesar de ser comum que os produtos relacionados às comidas típicas da Semana Santa em Salvador encareçam durante esse período, esse ano o quiabo saiu na frente e foi o único item com uma mudança expressiva.
Ana Patrícia de Jesus, 45, é chef de cozinha e vende comida baiana na Semana Santa há 10 anos. Ela afirma nunca ter visto um aumento tão absurdo e relata dificuldades em traçar estratégias para evitar pagar mais caro. “Nem todos os clientes aceitam a substituição, por ser um prato típico da época. Ou faz pouco, ou paga pelo preço, ou não faz mais. É o jeito para não deixar de ter as comidas tradicionais da época”, relata.
Quem conseguiu garantir seus produtos antes da semana do feriado teve vantagem. Lusineide Bispo de Lima Oliveira, 63, faz o tradicional caruru na Semana Santa todos os anos. Sabendo da tendência de alta, ela se preparou antecipadamente. “Sempre aumenta, o triplo do valor, mas eu compro antes e congelo já cortado”, conta ela.
André Luis Ornelas trabalha há seis anos com a venda de abará artesanal e quentinhas de comida baiana. O cozinheiro lamenta ter que passar o valor para os clientes, e relata que alguns não concordam, o que faz com que a clientela diminua. Entretanto, ele afirma que esse problema não é específico da época. “Vale acrescentar que não é só na Semana Santa que isso acontece. Simplesmente os agricultores sabendo que em determinadas épocas do ano o consumidor, por conta das suas tradições, irão sim comprar o produto, ele aumenta o valor e acaba ganhando o triplo, abusando da fé do povo”.
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