por Artur Rodrigues | Folhapress
O candidato à presidência pelo PSL, deputado Jair Bolsonaro, afirmou nesta sexta-feira (17), durante formatura de sargentos da Polícia Militar, que críticas sobre seu plano de governo vêm de analfabetos.
O plano de governo do militar foi classificado como superficial por especialistas, que foram criticados por Bolsonaro. "Não posso responder ao analfabeto que falou isso aí. Se o cara não sabe ler e interpretar não posso dizer nada", disse. "O plano é uma diretriz, é uma intenção. Vocês nunca cobraram plano de ninguém".
As declarações foram feitas durante formatura de sargentos da Polícia Militar no Sambódromo do Anhembi, zona norte da capital paulista. O evento oficial da polícia teve clima de comício, em que Bolsonaro circulou pelo sambódromo fazendo fotos com crianças vestidas de militares e o polêmico sinal de um revólver com as mãos.
Questionado pela Folha se temia perder votos para o deputado Cabo Daciolo, também adepto de um discurso linha dura, ele riu. "Eu conheço o Daciolo há muito tempo, tenho um bom relacionamento com ele no plenário e boa sorte pra ele".
Bolsonaro também voltou a comparar o PT e o PSDB. Para ele, a declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) de que poderia apoiar o PT num eventual segundo turno contra ele só mostra "que PSDB nunca foi diferente do PT". "São irmãos xifópagos. Eu sei que eles farão tudo para permanecer no poder, incluindo se unir".
A presença de Bolsonaro no evento acabou interrompendo a programação. No momento em que familiares foram autorizados a entrar no sambódromo para cumprimentar os policiais formandos, Bolsonaro foi cercado por admiradores gritando "mito" e "presidente".
Ele ficou ao menos 20 minutos na passarela, fazendo selfies com fãs. Questionado sobre a presença em mais um evento voltado a um nicho em que já é aceito, Bolsonaro afirmou ser "bem recebido em qualquer lugar".
Após o evento, ele não respondeu questionamentos feitos por repórteres a respeito do hábito de simular uma arma nas fotos com crianças.
O deputado federal Major Olímpio (PSL), candidato a senador pelo partido de Bolsonaro, defendeu a atitude. "Acabou sendo uma brincadeira dele, virou uma brincadeira das crianças", disse. "Por que mau exemplo? Eu era criança e brincava de bandido e mocinho. Hoje, as crianças estão brincando de bandido e bandido".
O governador Márcio França (PSB), aliado de Geraldo Alckmin (PSDB), evitou criticar Bolsonaro. Ele tem acenado com um discurso favorável aos militares. "Ele [Bolsonaro] é um militar. Quando ele vai nas solenidades militares, as pessoas gostam dele. Também é direito das pessoas se manifestarem", disse.
Ele defendeu o direito dos militares participarem do processo eleitoral, mas afirmou que o ideal é que as crianças não tenham estímulos em relação a armas. "Mas você percebe que há uma paixão do filho para o pai, do neto para o avô, enfim. Eles criam isso desde raiz. A gente tem que tirar isso com jeito, de uma forma bem educada".
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