ISTO É - A morte do menino americano de 9 anos Jamel Myles trouxe à tona novamente o debate sobre bullying e suicídio. Ele teria tirado a própria vida na última quarta-feira (23) poucos dias depois de ter contado a seus colegas de classe que era gay, segundo sua mãe, Leia Pierce.
De acordo com ela em entrevista ao jornal ‘Denver Post’, quatro dias foi o tempo que a história durou na escola. “Eu nem consigo imaginar o que disseram para ele”, lamentou Leia. “Meu filho contou para a irmã mais velha que as crianças da escola disseram a ele para se matar. É tão triste que ele não tenha me procurado.”
O portal ‘O Globo’ entrevistou especialistas que comentaram o caso e mostraram a importância de uma ajuda profissional.
“Uma criança de 9 anos não tem essa percepção da sexualidade, nem tem interesse sexual. Acho pouco provável que um menino de 9 anos saiba definir isso, porque a sexualidade é construída ao longo da vida. Aos 9 anos, a criança ainda é considerada assexual”, explicou Fabio Barbirato, psiquiatra infantil da Santa Casa de Misericórdia do Rio.
Já para Sally Carvalho, especialista em clínica infantil pela PUC-Rio, não basta que uma criança que se diz homossexual tenha aceitação e apoio dentro da própria família.
“No caso de Jamel, quando ele disse “mãe, eu sou gay”, ele estava dizendo ” mãe, eu sou gay, o que eu faço?”. Era um pedido de orientação, de ajuda. Ele teve como resposta que é amado pela família, o que é muito importante, mas não costuma bastar. Ele também tinha a necessidade de ser aceito pelo grupo, ainda mais em se tratando de uma criança.
A mãe, por não ser orientada sobre como lidar com o assunto, não falou sobre essa questão com a escola e com os responsáveis por outros ambientes que o filho pudesse frequentar. Ela pode ter subestimado a situação. A família deveria, ao tomar conhecimento, ir à escola e, junto à coordenadora e ao psicólogo, falar para a turma. Isso contribuiria para que o menino fosse mais protegido contra o bullying”, afirma Sally.
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