‘O dinheiro que agrada o eleitor e o político agora, provoca a crise no futuro’, disse o ex-ministro, que prevê um 2023 de inflação alta e recessão
Foto: Agência Brasil
Citando anúncios de “bondades com dinheiro público”, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles criticou o que chamou de “gasto eleitoreiro” do governo Bolsonaro “disfarçado de social por causa da campanha” à reeleição.
“O governo anunciou que vai perdoar dívidas de clientes da Caixa. É o terceiro anúncio de bondades com dinheiro público nos últimos dias. Antes foi anunciado o 13º para mulheres que recebem o Auxílio Brasil e a promessa de incluir mais 500 mil famílias. E ainda faltam mais de 20 dias para o segundo turno. Gastos sociais são essenciais. Mas, neste caso, o gasto é eleitoreiro e está disfarçado de social por causa da campanha”, declarou o economista, nesta sexta-feira (7), por meio das redes sociais.
Expressando preocupação com o orçamento, Meirelles defendeu a responsabilidade fiscal ao prever um horizonte complicado para o país. “O governo acelerou o gasto. Há cerca de R$ 158 bilhões que não se sabe de onde virão. No total, o rombo para 2023 pode ser de R$ 430 bilhões, de acordo com o Ibre da FGV. Como eu já disse antes, é preciso saber de onde virá o dinheiro. O dinheiro que agrada o eleitor e o político agora, provoca a crise no futuro. Este gasto excessivo vai provocar mais inflação, maior dívida, juros maiores e, no final, crescimento menor no futuro próximo”, analisou o ex-ministro, que na eleição deste ano anunciou apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Para Henrique Meirelles, o tema tem sido pouco debatido no mercado e meio produtivo, que, em sua avaliação, têm dado “um cheque em branco ao governo neste aspecto”. “Eu vejo muita gente cobrando programa econômico das campanhas de Lula e Bolsonaro. No caso do Lula, vejo uma cobrança por programa com mais detalhes e até por equipe. Não vejo uma cobrança semelhante sobre essa gastança do governo, que será desastrosa para o país qualquer que seja o presidente no ano que vem”, ponderou.
Prevendo um 2023 “desafiador”, diante de um mundo em recessão e inflação alta, o economista defendeu ainda a necessidade do Brasil recuperar a confiança no mercado internacional e apontou incoerências da atual administração.
“A inflação está caindo e o PIB crescendo por medidas artificiais tomadas pelo governo. Mas a perspectiva para 2023 é de crescimento quase zero e inflação ainda alta. Com estes gastos, pode ser pior. Não é um bom caminho para recuperar confiança”, concluiu.
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