Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista
A aventura em águas instáveis, sem preparo adequado, sem uma estrutura aprovada tecnicamente para a expedição, que levasse os passageiros em total segurança, para visitar um passado, mostra que, uma busca e exploração constante a tempos antigos, memórias antigas, precisa sempre de um acompanhamento especializado, para que o indivíduo não fique preso a questões que podem alimentar ainda mais dores, culpas, julgamentos, arrependimentos, entre outros sentimentos traumáticos, gerando desequilíbrio emocional e desconfortos.
Essa imersão exagerada no passado pode nos arrastar para abismos de angústia, ansiedade, nos distanciando do agora e de nosso futuro. Além de minar as chances de conseguirmos construir uma relação saudável e equilibrada com o momento presente e fortalecer expectativas positivas para o que vamos vivenciar no amanhã.
Essa avalanche de emoções negativas ocorre por nos agarrarmos, frequentemente, às sombras do passado, fragilizando a mente ao revisitar eventos traumatizantes. Desta forma, é inevitável implodir.
O nosso bem-estar emocional está alicerçado na sabedoria humana de se construir a cada dia, através do autoconhecimento e da compreensão de que o passado não pode nos moldar, já que o que deve nos moldar é a definição do que somos hoje.
Podemos olhar para trás para ver o que é preciso corrigir, mas o foco sempre deve estar no presente e no futuro, do contrário, estaremos presos em âncoras a nos puxar para o fundo.
Outra análise a ser feita nesse triste episódio, é o que levou esse seleto grupo de milionários a se aventurarem perigosamente? Algumas possibilidades: a motivação intrínseca pela conquista e autoafirmação que aguça a necessidade inata de pertencimento e de aprovação; Satisfação pessoal da conquista e superação de desafios; Influência otimista em relação aos resultados futuros, subestimando riscos em atividades arriscadas; Aceitação e reconhecimento social que traz uma falsa ilusão de poder e aprovação intensa, alimentando o ego, entre outras.
Por fim, as motivações são individuais, mas qualquer uma destas hipóteses, demonstra a presença e o indício de fragilidades psíquicas de insegurança, falta de amor próprio, desejo por validação; carência; ansiedade intensa; egocentrismo; imaturidade. Claro que, não sabemos o momento de vida de cada tripulante, mas sem dúvida, faltou bom senso e consciência humana.
Enfim, o submarino desaparecido deixou uma aula sobre nosso Estado de Presença. Um seleto grupo de bilionários escolheu fazer uma expedição em um submersível de frágil tecnologia e o resultado foi a abreviação da vida. Assim é a nossa vida, às vezes a nossa busca por retalhos de nossa história nos sequestra do presente.
A vida, de fato, só existe no presente. Quanto mais presente você estiver, mais fundo você mergulha em sua verdade, descobre suas forças, aniquila os medos, a ansiedade, a necessidade de aprovação, fortalecendo a autoestima e o amor próprio.
Do contrário, aventuras perigosas e inseguras podem custar caro, mais especificamente, sua saúde mental e sua vida.
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