Editorial, Estadão
O Brasil continuará empacado, por muitos anos, se depender de investimento federal para crescer. Os R$ 49,9 bilhões investidos pelo governo central nos 12 meses até julho foram menos de metade do valor aplicado no período encerrado em julho de 2014, ou R$ 102,7 bilhões. Este foi o pico da série histórica. Calculados a preços de julho de 2019, esses valores foram recém-divulgados pelo Tesouro Nacional. Nos 12 meses findos em julho deste ano o investimento da União correspondeu a 0,71% do Produto Interno Bruto (PIB). No topo, a equivalência foi de 1,34%.
Falta de dinheiro para aplicar em obras é, no entanto, o menor dos problemas financeiros atuais da administração federal. De janeiro a julho o governo central, representado por Tesouro, Banco Central (BC) e Previdência, acumulou déficit primário de R$ 35,25 bilhões, 13,4% menor que o de um ano antes, descontada a inflação, mas ainda assim assustador.
A receita líquida, de R$ 738,80 bilhões, ficou 3,9% acima da contabilizada entre janeiro e julho de 2018, mas foi totalmente consumida, como tem ocorrido há alguns anos, pelos gastos obrigatórios, puxados principalmente pelas despesas previdenciárias.
O resultado é um buraco enorme nas contas: em 12 meses o governo central acumulou déficit primário, isto é, sem os juros vencidos, de R$ 118,5 bilhões. O limite fixado para este ano é um déficit primário de R$ 139 bilhões.
Esses números são calculados e divulgados pelo Tesouro Nacional. O balanço das contas públicas elaborado pelo BC, com critério diferente e amplitude maior, também mostra um quadro muito complicado, com o setor público forçado a conter gastos severamente para se manter nos limites e frear a expansão de uma dívida já excessiva.