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sábado, 5 de outubro de 2024

Ministra quebra o silêncio e fala pela primeira vez sobre assédio que sofreu de Silvio Almeida: "eu só queria que parasse"

Por Edu Mota, de Brasília
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
A revista Veja deste fim de semana, que já está chegando nas bancas nesta sexta-feira (4), traz em sua edição a primeira entrevista da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, desde a demissão de seu colega dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. O ministro foi demitido no começo do mês de setembro após se tornarem públicas acusações de que ele teria assediado sexualmente a ministra Anielle e outras mulheres.

Nesta semana, na última quarta (2), a ministra da Igualdade Racial prestou depoimento à Polícia Federal, e confirmou ter sofrido importunação sexual por parte do ex-ministro Silvio Almeida. Anielle Franco, em depoimento que durou uma hora, alegou que as ações inapropriadas de Almeida começaram na transição do governo, antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Desde a demissão de Silvio Almeida, a ministra Anielle Franco ainda não havia falado publicamente a respeito da importunação que sofreu. A revista Veja traz em sua capa uma foto da ministra com uma frase dela dita na entrevista: "eu só queria que parasse".

Segundo contou a ministra da Igualdade Racial, no período de transição de governo, ela já começou a ouvir insinuações veladas de Silvio Almeida. Mais tarde, já como ministra, vieram as frases embaraçosas, os comentários sexistas e os convites impertinentes. Por fim, surgiram os gestos grosseiros e os toques indesejados e não consentidos por parte do então ministro.

Por não saber exatamente como reagir, Anielle Franco acabou agindo de forma contrária ao que ela mesma aconselharia às mulheres que passam pela mesma situação: a princípio, por medo e vergonha, a ministra se calou. "Ficamos com medo do descrédito, dos julgamentos, como se o que aconteceu fosse culpa nossa", reconhece Anielle na entrevista exclusiva.

"É importante deixar claro que o que aconteceu comigo foi um crime de importunação sexual", disse a ministra, ao quebrar o silêncio que se autoimpôs. Ao mesmo tempo, ela adverte que ainda é muito difícil tratar publicamente do assunto.

"A gente está falando de um conjunto de atos inadequados e violentos sem consentimento e reciprocidade, que, infelizmente, mulheres do mundo inteiro vivenciam diariamente", justifica.

A entrevista da ministra da Igualdade Racial a Veja foi concedida logo após ela prestar depoimento à Polícia Federal. Ao ser questionada pela revista sobre o que teria exatamente acontecido entre ela e o ministro dos Direitos Humanos, Anielle Franco preferiu não entrar em detalhes.

"Apesar da dor, da violência e da decepção, falei todo o necessário nas instâncias devidas, conforme me comprometi a fazer. Publicamente não quero entrar em detalhes, para preservar as investigações em em curso e também porque não quero repetir, repetir e repetir a violência. Traumas não são entretenimento", afirmou.
Clique aqui e confira a entrevista na íntegra no site da revista Veja.

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