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sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Estudantes de Rio do Antônio (BA) criam projeto para preservar patrimônio afro-brasileiro e irão representar o Brasil em conferência na Itália

Premiada no Desafio Criativos da Escola 2019, iniciativa busca valorizar a história dos negros e combater preconceitos na região; o estado da Bahia segue sendo representado em todas as edições da premiação.

O município de Rio do Antônio, localizado a cerca de 700 quilômetros da capital do estado da Bahia, possui até hoje resquícios deixados da época da escravização no Brasil. O período deixou marcas que podem ser notadas na realidade na cidade, inclusive em sua arquitetura. Por isso, ao constatarem que boa parte das casas - em que morava a população negra que foi escravizada - estava em ruínas, alunas do 9° ano do Ensino Fundamental do Centro de Educação Municipal Florindo Silveira se questionaram: trazer à tona esse passado de dor e desrespeito ajudaria a quebrar os preconceitos ainda existentes nos dias atuais? Foi assim que surgiu o projeto "Filhos do deserto: um resgate histórico", um dos premiados na 5ª Edição do Desafio Criativos da Escola, de 2019, iniciativa do Instituto Alana

Com o apoio das professoras, as alunas iniciaram um processo de pesquisa junto aos moradores da região para entender mais sobre as histórias desses espaços, chamados de "casas de escravos". Para desbravar esse universo de informações históricas, elas visitaram três residências - bastante degradadas - construídas há quase 200 anos e que foram usadas como "casa grande e senzala". Em uma delas, as adolescentes descobriram lendas sobre potes de ouro enterrados. Para dar vazão à riqueza desses novos conteúdos, perpetuar e espalhar as memórias físicas e culturais, as alunas preparam dossiês, em áudio e vídeo, sobre essas visitas.

A compilação desses materiais deu origem a um livro digital, que já está disponível para o público. Mesmo com a publicação do e-book, o projeto segue a todo vapor: agora, as meninas planejam atividades para lembrar a luta da comunidade negra durante o Dia Nacional da Consciência Negra. Nesta ocasião, elas pretendem chamar a atenção do poder público sobre a importância de preservar e tombar essas casas, para que a trajetória dos povos negros seja motivo de reflexão e não de esquecimento. A partir do resgate dessas memórias, elas esperam contribuir com a redução dos casos de racismo e preconceitos na região que ainda se manifestam contra a população afro-brasileira.

De Rio do Antônio para Roma !
Agora, três estudantes e um professor orientador da iniciativa embarcam, em novembro, para Roma, na Itália, com a equipe do Criativos da Escola. Como parte da premiação deste ano, os sete grupos premiados participarão da Conferência Global "Eu Posso" (I Can) - com a presença do Papa Francisco, de artistas e demais lideranças mundiais - onde vão compartilhar suas experiências de protagonismo, empatia, criatividade e trabalho em equipe para outros 2 mil estudantes de todo o mundo. Além da imersão, o grupo ganhará também o valor de R$1.500,00 para o projeto e R$500,00 para o educador.

A novidade desta edição fica por conta da viagem de premiação ser internacional: uma imersão em Roma, na Itália, no final de novembro, irá reunir mais de 2 mil crianças e jovens de países integrantes do movimento Design for Change - do qual o Criativos da Escola faz parte.

"Os sete projetos representarão um movimento de crianças e jovens de todo o Brasil que nos apresentam a beleza e a força de soluções coletivas, inovadoras e solidárias para os desafios de seus territórios e para os problemas que mais os incomodam em suas realidades. Estamos muito felizes em divulgar estas iniciativas que irão mostrar para o mundo não só projetos incríveis, mas também a necessidade de olharmos para as questões abordadas por cada um deles e para os direitos que deveriam ser garantidos para toda a sociedade", comemora o coordenador do Criativos da Escola, Gabriel Maia Salgado.  A lista completa dos premiados 2019 está disponível aqui.

Sobre o Instituto Alana
O Instituto Alana é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que aposta em programas que buscam a garantia de condições para a vivência plena da infância. Criado em 1994, é mantido pelos rendimentos de um fundo patrimonial desde 2013. Tem como missão "honrar a criança".

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