
Foto: José Cruz/Agência Brasil
O governo federal confirmou nesta quarta-feira (10) que o salário mínimo passará a ser R$ 1.621 em 2026, um reajuste de 6,79% em relação ao valor atual de R$ 1.518. O novo piso começa a valer em janeiro do próximo ano, refletindo no pagamento dos trabalhadores a partir de fevereiro.
Como o reajuste foi calculado
O aumento segue a política de valorização aprovada pelo governo e combina dois fatores:
Inflação medida pelo INPC nos 12 meses até novembro deste ano — índice de 4,18%, segundo o IBGE.
Crescimento real do PIB de dois anos antes — no caso de 2026, o PIB de 2024, que cresceu 3,4%, mas limitado a 2,5% pelo arcabouço fiscal.
Com essa regra, o ganho real máximo permitido continua restrito a 2,5%, conforme lei aprovada em dezembro de 2024.
Quase 60 milhões de brasileiros têm renda atrelada ao mínimo.
Segundo nota técnica do Dieese, cerca de 59,9 milhões de pessoas no país têm o salário mínimo como referência. O valor impacta diretamente:
Trabalhadores formais que recebem piso salarial;
Aposentadorias e pensões do INSS;
Benefícios sociais como o BPC (Benefício de Prestação Continuada).
Além disso, o salário mínimo influencia o rendimento médio do trabalhador e o poder de compra da população, movimentando o comércio e a economia local.
Impacto fiscal: aumento de R$ 43,2 bilhões nas despesas
O reajuste traz alívio para trabalhadores e beneficiários, mas pressiona o orçamento federal. De acordo com cálculos do governo:
Cada R$ 1 de aumento no salário mínimo gera R$ 420 milhões em despesas anuais.
Com o aumento de R$ 103 previsto para 2026, a despesa extra chegará a R$ 43,2 bilhões.
Esse acréscimo afeta diretamente os gastos obrigatórios da União, reduzindo a margem disponível para investimentos e políticas públicas consideradas “discricionárias”.
O reajuste do piso reacende discussões entre economistas sobre o impacto nas contas públicas. Para evitar maior crescimento da dívida e dos juros, alguns especialistas defendem que benefícios previdenciários deixem de ser vinculados ao salário mínimo, passando a ser corrigidos apenas pela inflação — modelo adotado no governo Jair Bolsonaro.
A proposta, no entanto, divide opiniões e enfrenta forte resistência de movimentos sociais e centrais sindicais, que consideram a política de valorização fundamental para reduzir desigualdades.
Com a confirmação do novo valor, o governo se prepara para acomodar o impacto fiscal dentro das regras do arcabouço, enquanto trabalhadores aguardam o aumento real no início de 2026.
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