A Organização Mundial de Saúde (OMS) aprovou, nesta quarta-feira (6), a primeira vacina contra malária, estreando uma ferramenta que poderá salvar a vida de dezenas de milhares de crianças na África por ano. Foto: Pixabay/Free
A malária mata cerca de 500 mil pessoas por ano, quase todas na África subsaariana, entre elas 260 mil crianças com menos de 5 anos, segundo reportagem da Folha.
A nova vacina, feita pelo laboratório GlaxoSmithKline, desperta o sistema imune da criança para conter o Plasmodium falciparum, o mais mortal dos cinco patógenos da malária e o predominante na África. A vacina não é apenas a primeira contra essa doença, é a primeira desenvolvida para qualquer doença parasitária.
Em testes clínicos, a vacina teve uma eficácia de aproximadamente 50% contra a malária severa no primeiro ano, mas caiu para perto de zero no quarto ano. E os testes não mediram o impacto da vacina para evitar mortes, o que levou alguns especialistas a questionar se é um investimento válido em países com inúmeros outros problemas intratáveis.
Mas a malária severa representa quase a metade das mortes pela doença, e é considerada "um indicador confiável de mortalidade", disse Mary Hamel, chefe do programa de implementação de vacinas contra malária da OMS. "Espero que vejamos esse impacto."
Um estudo de modelo no ano passado estimou que se a vacina fosse aplicada em países com maior incidência de malária poderia evitar 5,4 milhões de casos e 23 mil mortes por ano de crianças com menos de 5 anos.
E um teste recente da vacina em combinação com drogas preventivas dadas a crianças durante temporadas de alta transmissibilidade concluiu que a abordagem dupla foi muito mais eficaz para evitar a doença severa, a hospitalização e a morte do que os métodos em separado.
Ter uma vacina contra malária segura, moderadamente eficaz e pronta para distribuição é um "evento histórico", disse Pedro Alonso, diretor do programa global de malária da OMS.
Os parasitas são muito mais complexos que os vírus ou as bactérias, e a busca por uma vacina contra malária ocorria há cem anos, acrescentou ele. "É um salto enorme da perspectiva da ciência ter uma vacina de primeira geração contra um parasita humano", disse Alonso.
O parasita da malária é um inimigo especialmente insidioso porque pode atacar a mesma pessoa diversas vezes. Em muitas partes da África subsaariana, mesmo aquelas onde a maioria das pessoas dorme sob telas contra insetos tratadas com inseticida, as crianças têm em média seis episódios de malária por ano.
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