Com modelo de atuação integrado, startup social SAS Brasil foca em soluções de acesso à saúde especializada
Triagem de pacientes durante as Expedições nos Sertões, da SAS Brasil, em Bananeiras (PB). / Foto: SAS Brasil
Por Ana Beatriz Arruda e Marina Cardoso / Da SAS Brasil
São Paulo, setembro 2021 - Maria Aparecida, 57, moradora de Bananeiras, na Paraíba, estava há dois anos na fila de espera do SUS aguardando um procedimento dermatológico e mal acreditou quando recebeu a ligação dizendo que finalmente seria atendida. A história dessa senhora se repete inúmeras vezes no território brasileiro .
Segundo dados da Demografia Médica do Brasil de 2020, 65 milhões de pessoas vivem em regiões sem acesso a médicos especialistas no país. Em cidades como Tibau do Sul (RN), Bananeiras (PB), Araripina (PE) e Tamandaré (PE), atendidas pela SAS Brasil durante a Expedição Sertões (ação que aconteceu durante o maior rally das Américas), a taxa é de menos de dois médicos para cada mil habitantes. Num comparativo, em São Paulo, são 5,6 médicos para a mesma quantidade de pessoas .
Em cada uma dessas cidades, os desafios para ter acesso à saúde especializada se repetem. Quando um morador precisa ser atendido em alguma especialidade que a cidade não possui atendimento, ele entra na fila de regulação do SUS e passa a competir por uma vaga em um dos centros de referência com todos que estão na mesma situação em outros municípios.
A espera por uma simples consulta, exame ou procedimento pode durar anos, como em Tamandaré (PE), onde uma paciente aguardava há 10 anos um atendimento para urologia. Quando a pessoa finalmente consegue uma vaga, o município precisa arcar com o transporte daquele paciente até o centro de referência. Em algumas cidades, como Araripina, também em Pernambuco, a viagem pode chegar a 1.400 quilômetros (ida e volta).
Para isso, é preciso se programar. A viagem desses pacientes normalmente começa antes do dia clarear e só termina com o pôr do sol. Idosos e crianças precisam da disponibilidade de alguém da família, que muitas vezes precisa faltar no trabalho para conseguir acompanhá-los
Isso sem falar dos pacientes que precisam de um tratamento contínuo, como o caso de Milene, moradora de Tamandaré. Aos 32 anos, mãe de 4 filhos, ela não só precisa de acompanhamento periódico devido uma doença genética, mas precisa de exames recorrentes em Recife, distante 100km, para garantir sua elegibilidade para tomar uma medicação.
Trazer o médico especialista para perto, seja presencialmente ou com a telessaúde, é uma das premissas do modelo de atuação da startup SAS Brasil, que desde 2013 atua com soluções para o acesso à saúde especializada no país.
Com um modelo de atuação integrado ao SUS, definido pela equipe da SAS Brasil como modelo e atenção de Saúde 1.5, a organização age como uma engrenagem entre a atenção primária e secundária e tem o objetivo de aumentar a resolutividade das demandas reprimidas, reduzindo as filas de espera do Sistema Único de Saúde.
Bananeiras, na Paraíba, colhe os resultados dessa ação. Por lá, em dois dias de expedição, a SAS Brasil foi responsável por zerar a fila de espera do SUS para cinco especialidades médicas: odontopediatria, oftalmopediatria, ortopedia, urologia e dermatologia.
"Na prática, são mais de dois anos de atendimentos realizados em dois dias. Para muitas dessas especialidades, nossa cota mensal era de duas ou três consultas, apenas", afirma Ledna Jeronimo, secretária de saúde de Bananeiras, ao contar o impacto da SAS Brasil para a Saúde do município.
No ritmo atual da fila da regulação, a espera desses pacientes poderia chegar a mais de 30 meses. Na prática, se não existissem novas demandas, pelos próximos dois anos o município não precisaria se preocupar com a fila de regulação para essas cinco especialidades.
"Cerca de 80% desses pacientes que estão na fila precisam de uma simples consulta e orientação. Os outros 20% que realmente precisam de algo mais complexo, se atendidos num período menor de tempo, podem ter um tratamento mais rápido, barato e simples", afirma a médica e CEO da SAS Brasil, Adriana Mallet.
O resto é pura matemática. Se as 10 pessoas que esperavam na fila têm acesso mais rápido a um especialista e 8 podem ter o problema resolvido apenas com uma consulta ou orientação, os 2 restantes, que realmente precisam continuar na fila para um atendimento mais complexo (cirurgias, quimioterapias etc), serão atendidos mais rapidamente, aumentando a taxa de resolução. Mais economia para o SUS. Menos sofrimento para o paciente.
Confira: https://bit.ly/relatorio_Sertoes2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário