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domingo, 22 de julho de 2012

OS NOSSOS AMIGOS

Por Humberto Pinho da Silva
Diz Lucas (8:19,21), que estando Jesus a ensinar, avizinhou-se Sua Mãe e familiares. Como continua-se a pregar, avisaram-No; mas retorquiu: - “Minha mãe e Meus parentes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”.
Lembrei-me dessa passagem do Evangelho, esta manhã, ao abrir o computador e deparar com mensagens electrónicas de numerosos amigos.
Muitos são de longínquas paragens, mal os conheço, mas diariamente me saúdam, endereçando-me notícias palpitantes, recortes de jornais e PPs curiosíssimos.
Então pus-me a pensar: “ Não serão esses, que nunca se esquecem de enviar o que leram e viram de interessante, e partilham periodicamente, tristezas e alegrias, infortúnios e sucessos, a verdadeira família, os amigos dedicados?”
Há parentes que raramente vejo. Conheço-os porque surgem em casamentos e funerais; alguns moram a escassos quilómetros, mas encontram-se demasiadamente ocupados para indagarem, como me encontro. Depois, não precisam de mim.
Todavia, os virtuais, que moram a milhares de léguas, diariamente presenteiam-me: narram problemas; pedem orações para males, e entristecem-se ao saberem que estou enfermo.
Os laços que nos une, são mais fortes, mais reconfortantes, que vínculos de sangue de parentes, assim como de companheiros de infância ou colegas de escola, que não escrevem, não telefonam, não se preocupam com minhas enxaquecas.
Amiga virtual, distinta escritora, já falecida, confessou-me que todas as noites sentava-se diante do monitor, para desabafar comigo, problemas e consumições.
Em hora de solidão convidou-me para ir visitá-la, na sua bela casa solarenga. Adiei o encontro. Certa manhã recebi mensagem de familiar, dizendo-me que falecera.
Li, não sei onde, que senhora idosa, sem filhos e parentes queridos, resolveu distribuir os bens pelos amigos virtuais. Os únicos que lhe alegraram os últimos anos, já que parentes – em sua opinião, – só apareceriam para farejarem o odor da morte, na esperança de lucro.
Compreendo o gesto generoso, porque parentes e amigos, são aqueles que periodicamente nos visitam e nos dão apoio nas horas amargas. São os que por simples clik, encontram-se pela manhã, prontos para nos dizerem: - Bom dia! Como passa ?

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