Em entrevista ao jornal The Guardian, assessor ressalta que eventual guerra teria envolvimento global
Celso Amorim: 'A última coisa que queremos é que a América do Sul se torne uma zona de guerra.' | Felipe Fittipaldi/The Guardian
SBT News

Em entrevista ao The Guardian, Amorim classificou a recente decisão de Donald Trump de ordenar o fechamento do espaço aéreo venezuelano como "um ato de guerra" e expressou receio de que a crise possa se intensificar nas próximas semanas.
“A última coisa que queremos é que a América do Sul se torne uma zona de guerra – e uma zona de guerra que inevitavelmente não seria apenas uma guerra entre os EUA e a Venezuela. Acabaria por ter envolvimento global e isso seria realmente lamentável”, disse.
“Se houvesse uma invasão, uma invasão de verdade… acho que sem dúvida veríamos algo semelhante ao Vietnã – em que escala é impossível dizer”, acrescentou. Para ele, até mesmo alguns inimigos de Nicolás Maduro estariam inclinados a se juntar à resistência contra uma intervenção estrangeira.
“Eu conheço a América do Sul… todo o nosso continente existe graças à resistência contra invasores estrangeiros”, disse. Ele disse acreditar que qualquer ataque dos EUA reacenderia o sentimento anti-americano na América Latina, semelhante ao gerado pela interferência dos EUA durante a Guerra Fria.
Amorim ressaltou que se opõe à mudança forçada de regime, embora reconheça que houve “problemas” com a contagem dos votos nas eleições na Venezuela em 2024.
“Se cada eleição questionável desencadeasse uma invasão, o mundo estaria em chamas”, disse o diplomata, que enfatizou estar falando em caráter pessoal e não em nome de Lula.
“Se Maduro chegar à conclusão de que deixar o poder é o melhor para ele e para a Venezuela, será uma conclusão dele… O Brasil jamais imporá isso; jamais dirá que isso é uma exigência… Não vamos pressionar Maduro para que renuncie ou abdique”, acrescentou Amorim, que admitiu que as relações entre Venezuela e Brasil não são mais tão “calorosas ou intensas” como antes.
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