O ex-diretor da PRF garante que está preparado para falar 'até 15h'
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos antidemocráticos do 8 de Janeiro começa a série de depoimentos nesta terça-feira (20), com o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques. Ele comparece à CPI do 8/1 no papel de testemunha. Silvinei chegou ao Senado por volta das 9h e disse que “vai ser um dia legal”.
“Vamos acompanhar. Estamos preparados para falar 10h, até 15h”, afirmou. Ele garantiu que “a Polícia Rodoviária Federal em nenhum momento descumpriu nenhum procedimento oriundo das Cortes Eleitorais e dos Tribunais Superiores”. Segundo ele, nenhum brasileiro deixou de votar por conta das operações ferroviárias. “Não existe, até o presente momento, qualquer registro que um cidadão brasileiro, apenas um, que deixou de votar no dia 30 de outubro pelo um trabalho de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal. Não existe nos registros”, disse.
Silvinei disse ainda que um dos colegas da instituição, através de grupos de WhatsApp antinazistas, pôde comprovar que o prefeito da cidade de Cuité (PB), no Paraná, por exemplo, denunciou blitzes em local em que a PFR só ficou apenas 9 minutos. “E, ele mentiu descaradamente”.
A decisão sobre quais seriam os primeiros ouvidos, segundo o Metrópoles, foi tomada na última quarta (14), durante reunião da mesa da colegiado. A sessão seguinte, em 22 de junho, será para colher o depoimento de outro convocado: George Washington de Oliveira Sousa, um dos envolvidos na tentativa de explosão de uma bomba no Aeroporto de Brasília, em dezembro do ano passado. Washington foi condenado a 9 anos e 4 meses de prisão.
Silvinei Vasques é investigado pelo Ministério Público Federal devido a uma operação da PRF realizada, no domingo das eleições presidenciais, nas estradas. Na ocasião, a PRF descumpriu ordem do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e parou em blitze, dia da votação do segundo turno, pelo menos 610 ônibus fazendo transporte de eleitores. No sábado (29), entretanto, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, proibiu que a PRF realizasse qualquer operação relacionada ao transporte público de eleitores no domingo, para não atrapalhar a votação.
Diante de relatos de que as operações estavam ocorrendo, em especial no Nordeste, Moraes intimou o diretor da PRF, Silvinei Vasques, a interromper imediatamente as ações de fiscalização. Se Silvinei não cumprir, pode ser multado em R$ 100 mil a hora, ser afastado das funções e ser preso. Silvinei foi ao TSE prestar depoimento no início da tarde deste domingo.
De acordo com o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, as operações não impediram eleitores de chegarem aos seus locais de votação.
Ex-diretor da PRF e natural de Ivaiporã, no Paraná, Silvinei Vasques faz parte dos quadros da PRF desde 1995 e já exerceu atividades de gerência e comando em diversas áreas do órgão. Ele foi superintendente nos Estados de Santa Catarina e Rio de Janeiro, e atuou como Coordenador-Geral de Operações. Também foi Secretário Municipal de Segurança Pública e de Transportes no município de São José, em Santa Catarina, em 2007 e 2008.
Ele assumiu o cargo de diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em abril de 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). A exoneração aconteceu em 20 de dezembro.
Em 30 de outubro, Vasques usou as redes sociais para pedir votos a favor do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. Em publicação no story do Instagram, ele divulgou uma imagem da bandeira do Brasil, com a seguinte mensagem: “Vote 22. Bolsonaro presidente”. Ele apagou o post horas depois.
Relatos de fiscalizações e bloqueios da PRF:
Cuité (PB): prefeito denuncia blitz da PRF
Jacobina (BA): relato de blitz
Benevides (PA): PRF para ônibus com eleitores
Garanhuns (PE): bloqueio em Garanhuns
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