Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista
Ter opinião própria, defender suas ideias e pensamentos, desenvolver um senso crítico, promovendo a individuação é o melhor movimento que o ser humano pode fazer rumo ao desenvolvimento saudável de seu equilíbrio e saúde mental. Mas, infelizmente isso não acontece com todos.
O que mais temos visto, atualmente, são pessoas que preferem viver a vida do outro, seguir as definições e regras do outro, por medo se ser isolado, cancelado socialmente, ou mesmo julgado.
Essa prática, cada vez mais comum, tem nome e é considerada uma psicopatologia que vem tomando proporções gigantescas no âmbito comportamental e nas relações interpessoais. É a Normopatia, definida por um lema: “para ser normal, faça o que os outros fazem. Deseje o que os outros desejam. Persiga o que os outros perseguem e pense como os outros”.
A supervalorização da opinião do outro, mesmo que não concorde, mesmo que sofra, é a ação mais intensa do Normopata. A aprovação social é o seu objetivo principal, mesmo que para isso tenha que sucumbir sua própria identidade e dignidade.
Olhando por um outro prisma, o Normopata, dependendo do grau desta patologia, pode sofrer e se sentir muito incomodado por pensar diferente das pessoas com quem convive. Mas, a fobia de imaginar que poderá ser excluído, rejeitado dos grupos ou da sociedade de uma maneira geral, é tão intensa que ele anula seus desejos, suas vontades e internaliza o infeliz desejo de ser como todo mundo.
Como podemos identificar um Normopata? Ele não internaliza e não prática a introspecção, isso porque não existe a intenção de se desenvolver através do autoconhecimento. Esse esforço anormal pela validação social faz com que ignore seu verdadeiro “eu”.
Ele está sempre considerando os outros “normais” e ele não, por isso a loucura por ser “igual”. Porém, a consequência é o padecimento, uma vez ele sente-se perdido, vazio e, sem forças para lidar com a frustração, o fracasso e suas decepções.
Esse tipo de comportamento é muito comum entre os jovens. O grande risco é que se não houver uma intervenção terapêutica e o desejo de mudanças, a tendência é que esse indivíduo siga com uma vida vazia, sem personalidade, já que sua identidade está sempre focado no que é externo.
Está sempre em busca da aprovação alheia, sentindo-se um inútil, incapaz de realizar feitos a partir de seus próprios desejos ou ideias. Ou seja, com o tempo, vai se sentindo como um “fake”, vazio e comandado.
A Normopatia é uma doença que promove um pensamento operacional gerador de sofrimento. Mas nem tudo está perdido. Existe cura para esse problema e isso pode ser facilmente resolvido através da terapia. O processo terapêutico tem como um de seus objetivos, fornecer ao indivíduo a chave da felicidade plena que é aprender a ser nós mesmos, desenvolver o senso crítico através do exercício da individualidade, elevar a autoestima e o amor próprio.
Enfim, infelizmente, nossa sociedade está cheia de casos da doença e as pessoas não se dão conta de que sofrem deste mal. Porém, é preciso estar conscientes de que não somos obrigados a ser como os demais e não há nada mais anormal do que ser obcecado por ser normal ou igual. Nossa individualidade nos faz seres únicos, evolutivos e valiosos. Quando não reconhecemos isso, passamos para o campo da dor interna, por tentar se encaixar no que é normativo e esperado.
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