"Com os baianos, a única cultura que têm é viver na praia tocando tambor", diz o vereador sulista Sandro Fantinel (Patriota-RS)
Leilane Teixeira / bahia.ba/politica
Foto: redes sociais
O vereador do Rio Grande do Sul Sandro Fantinel (Patriota-RS), da cidade de Caixias do Sul, criticou os baianos resgatados de trabalho análogo à escravidão. Em discurso na Câmara da cidade nesta terça-feira (28), ele culpabilizou os próprios baianos, insunou que a população é porca e disse que “a única cultura que têm é viver na praia tocando tambor’.
O vereador chamou os flagrantes de trabalho escravo de “exagerado e midiático”, e prestou sua solidariedade aos empresários e produtores rurais pelas “dificuldades de se empreender no setor”. “Deixem de lado aquele povo que é acostumado com Carnaval e festa para vocês não se incomodarem novamente, que isso sirva de lição. Com os baianos, que a única cultura que têm é viver na praia tocando tambor, era normal que fosse ter esse tipo de problema”, argumentou.
Ele ainda sugeriu que para evitar isso, os empresários deveriam contratrar argentinos, pois eles são “trabalhadores limpos”. “Todos os agricultores que tem argentinos trabalhando hoje só batem palma. São limpos, trabalhadores, corretos, cumprem o horário, mantêm a casa limpa e no dia de ir embora ainda agradecem o patrão pelo serviço prestado e pelo dinheiro que receberam. Em nenhum lugar do Estado, na agricultura, teve um problema com argentinos”, defendeu.
Além disso, sugeriu que as condições degradantes eram provocadas pelos próprios trabalhadores. “Não dava para entrar no alojamento, com o fedor de urina e podre, e com a imundícia que eles deixaram em uma semana e meia. E a culpa é de quem? Agora o patrão vai ter que pagar empregada para fazer a limpeza todo dia pros ‘bonito’ também? Temos que botar eles em hotel cinco estrelas para não ter problema com o Ministério do Trabalho?”.
Resgate
Uma ação conjunta realizada pela Polícia Federal, Ministério do Trabalho e Emprego e Polícia Rodoviária Federal, na quarta-feira (22), identificou e resgatou cerca de 180 trabalhadores submetidos à condição análoga à escravidão, no Rio Grande do Sul.
Segundo a PF, os trabalhadores foram recrutados em outros estados, principalmente da Bahia, por uma empresa prestadora de serviços administrativos para vinícolas do município de Bento Gonçalves.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), dos 207 empregados resgatados do alojamento em Bento Gonçalves, 194 voltaram para a Bahia, quatro ficaram no RS e nove eram gaúchos de Rio Grande, Montenegro, Marau e Carazinho, que voltaram para suas cidades.
Os trabalhadores que chegaram à Bahia vieram na última segunda-feira (27) e receberam acolhimento do Estado. O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), parabenizou a Secretaria Justiça e Direitos Humanos (SJDH) e demais órgãos que atuaram na ação e afirmou que toda a equipe “vai trabalhar para impedir que situações como esta se repitam“.
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