por Alexandre Brochado / BN
Foto: Priscila Melo
A Síndrome de Burnout, doença ligada ao trabalho, também conhecida como exaustão profissional, entrou no dia 1º de janeiro na nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), a CID 11.
Mas como a gente pode identificar essa doença? Segundo Isadora Fernandes, psicóloga e professora da UniFTC, Burnout “vem do inglês que significa 'queimando de dentro pra fora'”.
“Primeiro, é necessário identificar a fonte da exaustão dessa pessoa, sendo preciso ter ligação com o trabalho. Então não vai ser uma pessoa que está passando por problemas pessoais e acaba levando para o trabalho. No caso, pode ser um paciente que está passando por problemas na vida pessoal, mas o foco é o trabalho, ou seja, com as mudanças organizacionais e a perspectiva profissional dessa pessoa sendo um dos fatores principais para o problema”, disse a especialista.
Isadora explica que existem três tipos de traços de características do Burnout. Um deles é a exaustão, que faz com que a pessoa sinta que não consegue produzir como produzia antes. A partir dessa primeira característica, o paciente começa a cometer erros, esquece as coisas, e até mesmo atrasa o trabalho.
“O segundo fator é a despersonalização. A pessoa começa a ter mudanças de humor, fica agressiva no trabalho ou vai se entristecendo com facilidade, e pode responder os colegas com frequência de maneira rude”, ressalta Isadora. “E a outra característica é o sentimento de inutilidade, a pessoa se sente incapaz, que nada do que ela faz é suficiente, que ela não é reconhecida e que seu trabalho é feito em vão”.
Entretanto, é necessário um tempo de serviço na empresa para diagnosticar a síndrome. Para identificar a doença é preciso que o funcionário tenha o período mínimo de seis meses na empresa. “Qualquer transtorno precisa ter esse prazo. Antigamente, para a Burnout ser identificada a pessoa precisava ter um ano de trabalho”, esclarece a psicóloga.
O acompanhamento desse paciente pode ser apenas psicológico, mas existem casos em que o auxílio do psiquiatra é indispensável. Porém, é algo que tem que ser avaliado, pois muitos casos podem envolver outras especialidades também, porque às vezes a dimensão que a doença toma na vida do sujeito não é somente psíquica. “A pessoa pode começar a ter sintomas de labirintite, por exemplo, ou apresentar muitas dores no pescoço ou nas costas, e a pessoa terá que procurar outros profissionais”, diz Isadora.
Conforme o psiquiatra Francisco Medauar, professor do curso de Medicina da UniFTC, em casos leves da doença, pode ser passado para o paciente, além do afastamento de até 15 dias, a prescrição de medicamentos adequados e reavaliar o paciente neste período. “Caso seja um quadro mais grave, normalmente fazemos um atestado mais prolongado e um relatório sugerindo o diagnóstico, e o paciente é encaminhado ao médico do trabalho da empresa, que o ajuda no encaminhamento ao INSS”, aponta.
Como a síndrome possui sintomas ansiosos e depressivos, o tratamento é feito com antidepressivos e ansiolíticos. Francisco explica que o antidepressivo trata, e o ansiolítico alivia o sofrimento de forma mais imediata, “como um medicamento sintomático”. Além disso, o psiquiatra também faz o encaminhamento para outros tratamentos, como a psicoterapia.
Já em relação ao retorno desse paciente ao trabalho, o ideal é que a pessoa esteja totalmente bem. “Em caso de melhora importante do quadro, que seja readaptado a uma nova função ou setor. Também é importante avaliar os danos que aquela função estava causando ao funcionário, para entender o que levou ao adoecimento e evitar que isso se repita com outras pessoas”, destaca o médico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário