Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
A baixa cobertura da vacina tríplice viral no Brasil, estimada entre 70% e 80%, abre brecha não apenas para a disseminação da caxumba e do sarampo, mas também da rubéola, que conta com casos suspeitos no país, segundo Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Informa o R7
“Essa porcentagem de cobertura se refere a crianças; não se conhece a cobertura em adultos. Não existe um risco iminente da rubéola como ocorreu quando havia o sarampo na Venezuela, mas qualquer doença com cobertura vacinal baixa apresenta risco de voltar. O sarampo está fazendo a gente acordar”, afirma.
A possibilidade de retorno de doenças eliminadas devido à deficiência vacinal será debatida na 21ª Jornada Nacional de Imunizações, que acontecerá em setembro em Fortaleza.
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) afirma que a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde) emitiu uma nota para reforçar a necessidade de ampliar as ações de controle da rubéola. De acordo com a SBIm, em 2018 e 2019 foram confirmados sete casos de rubéola importados e um caso de síndrome da rubéola congênita (SRC) na América Latina.
“Os números parecem baixos, mas não devem ser subestimados. Todos os surtos começam com poucos casos”, ressalta Juarez Cunha, presidente da SBIm.
“Se um viajante com rubéola chega a um país que não está vacinado, isso pode trazer a rubéola de volta”, completa Isabella.
Assim como o sarampo, a rubéola é altamente contagiosa e transmitida de forma semelhante: por meio da aspiração de gotículas expelidas na fala, espirro ou tosse de pessoas infectadas, mesmo que não apresente sintomas.
A doença não é grave para a maioria das pessoas, sendo os principais sintomas manchas vermelhas, gânglios atrás da orelha e dor no corpo.
“O problema é a rubéola em grávidas. A maior parte das pessoas que entra em contato com a doença não adoece. Então, não se sabe quem está com rubéola ou não. Quando a gestante pega a rubéola, o bebê tem altíssimo risco de nascer com a síndrome da rubéola congênita, caracterizada por más formações graves, da mesma forma que a zika”, explica Isabella.
Segundo ela, a doença pode causar danos em qualquer fase da gestação, mas no primeiro trimestre, quando ocorre o início da formação do feto, é mais grave.
Como a grávida não pode tomar a vacina tríplice viral, ela pode se proteger por meio das pessoas vacinadas à sua volta. “É o que a gente chama de prevenção coletiva. A vacinação vai muito além da proteção individual”, diz Isabella.
De acordo com o Ministério da Saúde, o último caso confirmado de rubéola no país ocorreu em dezembro de 2008 no Estado de São Paulo. De 2012 a 2015, foram notificados 16.739 casos suspeitos de rubéola, mas todos foram descartados, ainda segundo a pasta. (R7)
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