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segunda-feira, 2 de julho de 2012

Todos querem a mulher ideal

Mônica Carvalho (Foto: Divulgação)Há alguns dias foi noticiado que o atual prefeito de Belo Horizonte está buscando ativamente uma mulher que possa ser candidata, como sua vice, para a reeleição ao cargo da administração municipal. Mas será que o gênero importa na hora de se desempenhar papéis de liderança política? Ou afeta a qualidade do serviço prestado ao cidadão? Quais são as implicações de se eleger uma líder, tanto para fins políticos como para as políticas públicas?
Os pesquisadores Gyourko e Ferreira, da Universidade da Pennsylvania, estudaram extensamente o comportamento das mulheres-prefeitas nos Estados Unidos, utilizando um conjunto de dados abrangendo mais de cinquenta anos (FERREIRA, Fernando e GYOURKO, Joseph. “Does gender matter for political leadership?”. Working Papers, NBER. Cambridge: 2011). As conclusões foram bastante interessantes, e contrárias a pesquisas já publicadas sobre os efeitos da liderança feminina em outras áreas. Os resultados mostraram que o fato de ter-se uma prefeita no cargo não teve efeitos sobre as políticas públicas no que diz respeito ao tamanho da máquina pública e da composição dos gastos, bem como sobre fatores que afetam diretamente a população, como níveis de emprego e criminalidade.
Por outro lado, o poder do gênero apareceu em outra componente importante: as prefeitas mostraram-se em torno de 6-7% com mais probabilidade de serem reeleitas aos cargos, quando comparadas com os prefeitos. Mais interessante ainda, os resultados indicam a relevância das características pessoais e específicas, já que o fato de se eleger uma prefeita não apresentou vantagens para outras mulheres que se candidataram para prefeituras na mesma cidade, ou efeito positivo sobre o sucesso de candidatas ao legislativo regional.
Em resumo, ter uma mulher no poder não faz diferença em termos dos resultados das políticas públicas; já no campo da política, nota-se que as eleitas conseguem provavelmente manter-se por mais tempo no cargo, mas sem com isto afetar positivamente suas “similares”. E no nosso caso? Será que as próximas eleições vão revelar uma maior taxa de sucesso das candidatas? Isto, só as urnas vão poder mostrar; mas, já se nota que, na expectativa, partidos e candidatos lançam-se à caça da mulher ideal...
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Mônica Carvalho é economista, mestre em negócios internacionais pela Universidade de Sophia, em Tóquio. Trabalha no mercado financeiro há quase vinte anos, tendo transitado por bancos de investimento no Brasil e na Ásia (Japão e China), onde viveu por dez anos. É professora associada da Fundação Dom Cabral.

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