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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Lula: Não me interessa brigar com o presidente do Banco Central

Em entrevista à CNN Brasil, Lula diz que Campos Neto “tem que saber que, neste país, , a gente tem que governar para as pessoas que mais necessitam”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (16), que não tem interesse em brigar com Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. A declaração foi dada em entrevista ao canal de televisão por assinatura CNN Brasil e ocorre em um momento de tensão entre o novo governo e a autoridade monetária.

“Como presidente da República, não me interessa brigar com um cidadão que é presidente do Banco Central e que eu mal conheço. Se ele topar, vou levá-lo para conhecer os lugares mais miseráveis do Brasil. Ele tem que saber que, neste país, a gente tem que governar para as pessoas que mais necessitam”, disse Lula à jornalista Daniela Lima.

Lula tem criticado com frequência a política monetária adotada pelo Banco Central e manifestado discordância com o atual patamar da taxa básica de juros, a Selic, mantida em 13,75% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

O desconforto é tão grande com esse patamar que, nas últimas semanas, integrantes do governo passaram a defender a possibilidade de o Conselho Monetário Nacional (CMN) mudar a meta de inflação, hoje fixada em 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo, para 2023.

O CMN é um órgão colegiado integrado pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), além do próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

A primeira reunião do conselho desde o início do novo governo ocorreu na tarde desta quinta-feira (16), sob os ecos da entrevista de Lula. Uma coletiva de imprensa foi convocada pelo Banco Central para as 18h (horário de Brasília).

Lula também já criticou em outras ocasiões a autonomia do BC, mas sinaliza que não pretende trabalhar pela mudança da lei, aprovada pelo Congresso Nacional em fevereiro de 2021. Dentre outros pontos, a legislação estabeleceu mandatos fixos para o presidente e os diretores da autarquia. É por isso que Campos Neto tem mandato até dezembro de 2024.

“Quando o presidente da República era responsável pelo BC, você conversava. Quando tinha que aumentar [a taxa de juros], aumentava. Mas você tem que cuidar do outro lado. O BNDES tinha a TJLP. Você aumentava 0,5% de juros, mas reduzia 0,5% no juros do BNDES, para facilitar para aqueles que precisavam de investimento para fazer a economia crescer. Você não precisa de briga para isso, só bom senso”, disse Lula na entrevista.

À CNN Brasil, embora tenha dito não estar interessado em brigar com Campos Neto, Lula também disse que “até teria direito” de fazê-lo, já que ele foi indicado para o cargo por seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e o ex-ministro da Economia Paulo Guedes.

“Significa que a cabeça política dele é uma cabeça muito diferente da minha e daqueles que votaram em mim. Mas ele está lá, tem um mandato”, continuou o presidente da República.

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