Os valores indicados por partidos da oposição, no entanto, são bem inferiores aos indicados por políticos do centrão
Foto: Luís Macedo/Agência Câmara
As emendas de relator, conhecido instrumento de negociação e barganha entre o governo federal e o centrão, não foram liberadas apenas para partidos da base aliada do presidente Jair Bolsonaro (PL) , mas também para opositores. Segundo a documentação enviada pelo Congresso ao Supremo Tribunal Federal (STF), parlamentares de PT, PSB, PDT e Cidadania apadrinharam verbas para irrigar suas bases eleitorais em 2020 e 2021. Os valores, no entanto, são bem inferiores aos indicados por políticos do centrão.
A decisão sobre a distribuição dessa verba ficou concentrada na cúpula do Congresso Nacional, o que desencadeou críticas pela falta de transparência. Oposicionistas beneficiados pela medida, escutados pelo jornal Folha de S. Paulo, apresentaram justificativas diversas para explicar o uso de um tipo de verba pouco transparente e usada como moeda de troca entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua base no Congresso.
Um dos recordistas da oposição no Senado foi Humberto Costa (PT-PE). Em ofício enviado ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o petista disse que indicou os recursos após ser informado pelo então presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), em 2020, sobre a disponibilidade de verbas para “atendimento de ações orçamentárias nos diversos entes federativos”.
Costa apoiou R$ 15 milhões para municípios de Pernambuco e para a compra de máquinas e equipamentos agrícolas. O senador afirmou, no documento compartilhado com o STF, que só soube pela imprensa que as emendas de relator envolviam falta de transparência e distribuição desproporcional entre os parlamentares. Demonstrando arrependimento, Costa disse que não indicou mais recursos das emendas de relator em 2021.
Argumento semelhante foi usado pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES). Em 2020, ele indicou R$ 20 milhões em emendas de relator. Foram R$ 19 milhões para a Secretaria de Saúde do Espírito Santo e R$ 1 milhão para o hospital universitário Cassiano Antônio Moraes, que não foi empenhado (uma espécie de autorização para o gasto). Contarato disse, em nota, que decidiu indicar os recursos sem saber que eles se referiam a emendas de relator.
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