Quase metade (46%) dos internautas do país foi vítima de algum tipo de golpe financeiro nos últimos 12 meses, o que equivale a um universo aproximado de 12 milhões de pessoas. As informações são d’O Globo/Valor Econômico.
É o que estima uma pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), segundo a qual os prejuízos gerados por esses crimes contra consumidores chegaram a R$ 1,8 bilhão.
De acordo com o levantamento, pouco mais de um terço dos consumidores lesados não consegue recuperar nem um tostão do que perdeu.
Entre as vítimas de fraudes na internet, mais de 50% compraram produtos pela rede que não foram entregues, 46% receberam produtos ou serviços diferentes dos contratados e 25% tiveram o cartão de crédito clonado. A soma ultrapassa 100%, pois há os desafortunados que foram vítimas de mais de uma fraude.
Ao menos 51% dos entrevistados afirmam ter sofrido perda financeira, com um dano médio de R$ 478. A aposentada Fátima de Moraes, de 60 anos, teve o cartão de crédito clonado, mas conseguiu reverter o prejuízo: “Eles chegaram a fazer uma compra de R$ 1.800. A sorte é que cadastrei meu celular para receber SMS sempre que o cartão for usado. Liguei para o banco, que estornou o valor”, disse ela.
Clonagem de cartão de crédito é a fraude mais comum no país. Um desses casos em que o prejuízo ficou todo na conta do consumidor era o chamado “golpe do motoboy”, em que a vítima é induzida a acreditar que fala com o banco e acaba fornecendo dados bancários, entregando cartões e senhas a falsos emissários da instituição financeira.
Os bancos vinham se negando a indenizar os clientes nesses casos, mas uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, na última semana, pode mudar esse cenário. A Justiça considerou que houve falha na prestação de serviço do banco, que não impediu a movimentação financeira atípica, de R$ 35 mil em um só dia, no caso do cliente do processo em questão.
As fraudes on-line atingem todas as idades e sexos. Ninguém está livre – afirma Emilio Simoni, diretor do dfndr lab, laboratório especializado em segurança digital da consultoria PSafe. A consultoria estima que um em cada cinco brasileiros já foi vítima de roubo de identidade na internet.
Entre os casos relatados, 40% fizeram cadastro em sites falsos de promoção, 39% se inscreveram em vagas de emprego que nunca existiram, 22% realizaram compra em site fake e 21% receberam ligação de pessoas que se passavam por funcionário de instituição financeira.
“Além disso, tem crescido as fraudes com compartilhamento de informações falsas via WhatsApp, e também por ‘sites clones’ que simulam as características de páginas seguras como bancos e lojas”, alerta Marcelo Aguiar, cofundador da Wevo, empresa de desenvolvimento de tecnologia para comércio eletrônico.
Bruno Prado, diretor da UPX, empresa de tecnologia focada em segurança, também recomenda que se redobre a atenção a mensagens de SMS de cobrança e boletos falsos enviados ao endereço físico do consumidor. Quem está com produtos à venda em sites especializados também tem sido alvo frequente de criminosos, diz Prado.
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