Obstáculos para conceder empréstimos e insistência para que o cliente aceite modalidades mais caras de crédito. Esse é o diagnóstico negativo que surge de uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Na última segunda-feira, a reportagem do JT mostrou que os bancos também dificultam a realização da portabilidade de dívidas.
O Idec enviou representantes não identificados a agências do BB, da Caixa Econômica Federal, do Bradesco, do Santander, do HSBC e do Itaú na zona oeste de São Paulo entre março e maio deste ano. Cada pesquisador solicitou a um banco empréstimo de R$ 300. Todas as empresas foram mal na avaliação.
Não só os atendentes colocam obstáculos para a obtenção de empréstimo como, em muitos casos, oferecem outras opções menos vantajosas para se conseguir dinheiro rápido (como cartão de crédito e cheque especial).
Também são comuns as situações em que os bancários tentam “empurrar” para o consumidor a compra de outros produtos, como títulos de capitalização e seguros, o que configura venda casada, prática proibida pelo Código de Defesa do Consumidor.
O engenheiro José Bruno Neto teve dificuldade para obter empréstimo no Banco do Brasil. A instituição condicionou a concessão de crédito à solução de uma antiga pendência fiscal para conseguir o dinheiro.
Resolveu o empecilho, mas o BB ignorou a mudança de situação: continuou negando a solicitação e o cliente, com mais de cinco anos de casa, teve de recorrer a outra instituição.
Segundo a pesquisa, os funcionários não apresentam corretamente o custo efetivo total (CET) dos empréstimos, uma projeção que demonstra detalhadamente o quanto cada parcela do empréstimo vai custar ao cliente e quais juros incidem sobre o valor pedido. Somente o Banco do Brasil prestou informações corretas, mas quem atendeu tentou convencer o cliente a fazer um seguro não solicitado junto com o empréstimo.
“Existe regulamentação, existem resoluções sobre como os bancos devem apresentar as informações de crédito”, diz o gerente de testes e pesquisas do Idec, Carlos Thadeu de Oliveira. “Mas a prática se repete porque o Banco Central não faz a fiscalização necessária no varejo. Ao mesmo tempo, é preciso que órgãos como o Procon cumpram essa fiscalização, punam instituições financeiras.”
O diretor executivo do Procon-SP, Paulo Arthur Góes, afirma que a fundação procura verificar as reclamações vindas de pessoas físicas e as encaminha ao BC. No entanto, o site do órgão nem mesmo lista em seu ranking de queixas aquelas relacionadas às dificuldades para se obter empréstimo.
O advogado especialista em direito do consumidor e consultor do JT, Josué Rios, recomenda que se recorra ao Procon (pelo telefone 151). Nos casos em que for necessário ressarcimento, o advogado sugere a procura do Juizado Especial Cível ou de um Juizado de Conciliação do Tribunal de Justiça de São Paulo. De http://www.jt.com.br/seu-bolso/
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