Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista
A resposta ao estresse após a tragédia das enchentes do Rio Grande do Sul, vai ser inevitável e afetará cada vítima de forma distinta. Isso por que cada um sofre o impacto emocional de acordo com sua bagagem de vida, conforme suas perdas, suas experiências passadas e o seu estado psíquico.
É, sem dúvida nenhuma, uma tragédia de grandes impactos sociais e emocionais provocando inúmeras alterações na vida de todos. Um verdadeiro cenário de guerra que se instala de forma inesperada, pela força da natureza, obrigando o ser humano a compreender que ele não possui o poder de mudar ou controlar nada.
E é exatamente, por constatar isso, que indivíduo, de forma inconsciente, é invadido por sentimentos como: angústia, medo, insegurança. Dores que paralisam através da devastação do luto e que deixam heranças psicológicas traumatizantes, carregadas de muito sofrimento e tristeza que gostaríamos de apagar da memória.
A saúde psicológica da maioria das pessoas foi desnudada, pois está diretamente ligada aos seus direitos de posse e às suas liberdades. Ao tirar uma, ou as duas, as pessoas se desintegram emocionalmente. E é o que temos visto e ainda iremos presenciar por um tempo, pela necessidade do enfrentamento de desafios intensos.
E avaliando melhor esses desafios, o maior deles talvez seja a necessidade do indivíduo em ampliar a sua capacidade de adaptação em meio às perdas e ao luto. Naturalmente, nos sentimos mais confortáveis quando temos o controle de tudo. Quando o mundo se mostra previsível. Porém, a grande questão é que a necessidade em ter o controle das situações nas mãos é um sentimento intrínseco de nossa espécie, mas tudo o que é externo e nos foge ao controle, gera insegurança e medo e nos faz sentir cada vez mais vulneráveis.