Foram 1865 internações registradas por ferimento de arma de fogo em 2022
Crédito: Arisson Marinho/CORREIO
O Sistema Único de Saúde (SUS) gastou R$ 17,5 milhões para atendimentos hospitalares a pessoas feridas por bala na Bahia em cinco anos, entre 2019 e dezembro de 2023. No mesmo período, quase R$ 61 mil foram destinados para atendimentos ambulatoriais. O valor que custeou os atendimentos de vítimas de arma de fogo é o equivalente ao orçamento de cerca de doze requalificações de Unidades de Terapia Intensiva UTIs no Hospital Geral de Camaçari (HGC).
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De acordo com dados divulgados no portal oficial da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), o governo desembolsou mais de R$ 1,5 milhão para a readequação de 10 leitos da UTI do HGC. Em maio de 2023, o órgão entregou a estrutura da unidade reformulada. O projeto incluiu o isolamento de um dos leitos, a inclusão de pontos de hemodiálise em todos eles e a requalificação de copa, vestiários, recepção para visitante e postos de enfermagem.
O custo para atender vítimas de arma de fogo costuma ser maior do que o tratamento de outras enfermidades, segundo o presidente do Conselho Estadual de Saúde, Marcos Gemeos. “Os custos do tratamento de ferimentos por arma de fogo podem sobrecarregar os serviços de assistência hospitalar e ambulatorial, o que implica na destinação da verba para esses atendimentos”, afirma.
Com o valor gasto em atendimentos hospitalares a pessoas feridas no estado no período citado acima, seria possível realizar 400.115 mamografias ou 4.252.072 hemogramas completos. Em 2022, a média dos procedimentos custavam, respectivamente, R$ 43,89 e R$ 4 ,13, de acordo com informações do Instituto Sou da Paz, baseadas em dados de produção ambulatorial do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA).
Ainda conforme o Sou da Paz, os custos de uma internação por ferimento de arma de fogo custava, em média, R$ 1.889 e R$ 1.886, nos anos de 2021 e 2022, respectivamente. Esses valores custam 3,2 vezes mais do que o gasto federal com saúde per capita. Em casos mais graves, o custo pode chegar a 5,2 vezes mais do que o gasto federal com saúde per capita. O Instituto é uma organização não-governamental que fomenta a efetivação de políticas públicas de segurança e prevenção da violência.
De acordo com a coordenadora de projetos do Instituto Sou da Paz, Cristina Nema, a maior parte dos pacientes internados para tratamento de arma de fogo na Bahia em 2022 é composta por homens (86%), com destaque para adultos de 15 a 29 anos (52%). “O perfil de faixa etária da Bahia é o mesmo do país, um pouco mais da metade dos internados são esses jovcns”, diz. Dados de raça/cor não foram tão precisos em 2022, ano em que houve 60% de informação não-preenchida.
A Bahia está entre os estados com maiores taxas de internações por ferimentos provocados por armas de fogo em 2022, ocupando a oitava colocação, com 12,4% dos casos nacionais. Foram 1865 internações registradas no ano passado.
Essa posição implica na destinação de mais verba para atender as vítimas desses casos. “Faz-se necessária a elaboração e implementação de políticas públicas envolvendo os diversos segmentos da sociedade civil e organizada para o enfrentamento deste problema de saúde pública com vistas à adoção de estratégias de prevenção e redução dos índices de morbimortalidade”, afirma Marcos Gêmeos.
A Sesab e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) foram procuradas pela reportagem, mas não retornaram até o fechamento desta matéria. Foram solicitadas entrevistas com fontes oficiais das pastas para repercussão dos dados. O CORREIO também questionou à Sesab e ao Ministério da Saúde qual valor é repassado anualmente para investimentos no setor da saúde no estado, mas também não obtivemos retorno.
R$ 41 milhões foram destinados a internações por ferimentos de arma de fogo no Brasil
No âmbito nacional, a pesquisa do Sou da Paz indicou que R$41 milhões do Sistema Único de Saúde (SUS) foram destinados a internações de vítimas de arma de fogo em 2022. Foram mais de 17 mil internações do tipo no país. Norte e Nordeste lideram o ranking de regiões com maior carga nos hospitais, com destaque para Acre e Amazonas, que representaram, respectivamente, 6,8% e 5,7% dos números nacionais.
Homens, jovens e negros foram o perfil da maioria dos internados. 89,6% são homens, 52,5% são jovens (entre 15 a 29 anos) e 57% são pessoas negras. Ainda conforme o levantamento, pacientes negros permanecem mais tempo internados e sua diária custa 22% menos.
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