Por Humberto Pinho da Silva
Afazeres profissionais, levaram-me à cidade de Aveiro. Terra de moliceiros e ovos-moles.
Fui de comboio, que ia repleto de passageiros e malas. Levava comigo pequeno saco de viagem, com muda de roupa e objectos de higiene.
Diante de mim, senhora, já idosa, de cabelos aloirados, sentou-se junto da janela. Na mão trazia subscrito e papéis dobrados em quatro
Deu-me os bons dias, num português macarrónico, de timbre italiano. Rapidamente soube, que era de origem alemã, mas conhecia um pouco de italiano.
Para manter conversa, perguntou-me se era italiano ou espanhol, como lhe responde-se: que era português, mostrou expressão de espanto:
- Mesmo português?! …
- Sim: português do Porto. Nascido e criado nessa cidade…
- Não parece! … Há tão poucos! … – Disse-me, atónita, em italiano pouco inteligível.
Esse encontro e conversa comboiana, fez-me recordar: realmente é difícil ouvir falar português, na baixa portuense. Na Rua de Santa Catarina, o pouco português, que se pode escutar, quase sempre, tem sotaque carioca.