O número de adultos e crianças com a doença deve permanecer alto nos próximos anos
A FAO e outras quatro agências da ONU (FIDA, PMA, OMS e UNICEF) lançaram nesta semana os novos dados globais sobre a fome e outras formas de malnutrição. Os números divulgados pelo relatório impressionam em cada um dos extremos: enquanto cerca de 820 milhões de pessoas sofreram de fome no mundo em 2018, o número de pessoas obesas é de 830 milhões. Ou seja: a quantidade de obesos ultrapassou o de famintos.
O relatório monitora não apenas a fome, mas também outras formas de malnutrição com informações sobre o número de pessoas que enfrentam incertezas sobre sua capacidade de obter alimentos nutritivos e suficientes ao longo do ano.
De acordo com o cirurgião bariátrico Thales Delmondes Galvão, é simples entender a relação entre a insegurança alimentar e a obesidade: "Quanto não há recursos, as pessoas acabam optando por ingerir alimentos mais em conta, no entanto que são menos nutritivos e mais calóricos".
A obesidade está contribuindo para quatro milhões de mortes todos os anos, de acordo com números da ONU. Atualmente existem cerca de 672 milhões de adultos obesos mundialmente, enquanto que crianças e adolescentes em idade escolar com a enfermidade chegaram a 338 milhões, estatística que deve permanecer pelos próximos seis anos e ser reduzida apenas em 2030, segundo a Unicef.
"O excesso de peso na infância e adolescência acarreta doenças crônicas precoces, como diabetes tipo II, hipertensão e apneia do sono. Por conta disso, esses jovens são mais propensos a desenvolverem doenças cardíacas, pulmonares, psicológicas e endócrinas que os acompanharão durante a vida adulta", explica Thales.
Além do sedentarismo, um dos hábitos causadores da doença é o grande consumo de alimentos industrializados e com baixo valor nutricional. "Alimentos ultra-processados como embutidos, refrigerantes, macarrões instantâneos, salgadinhos entre outros, têm grandes quantidade de sal, açúcar, produtos realçadores de sabor, entre outros ingredientes industrializados. Possuem pouco benefício nutricional e são uma das principais causas da obesidade que estamos observando globalmente", ressalta o médico.
Obesidade no Brasil
Em 2016, 23% dos brasileiros estavam obesos - um valor que chega a 57% da população se for considerado o índice de massa corporal (IMC) maior que 25 (o que caracteriza o sobrepeso).