Foto: José Cruz / Agência Brasil
A propaganda idealizada para divulgar o pacote anticrime do ministro Sergio Moro foi vetada pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom). Essa censura ocorreu porque a história de violência que seria retratada contraria as bandeiras da "bala, bíblia e boi", defendidas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Segundo informações da coluna de Bela Megale, no jornal O Globo, isso desagradou Moro, que via na campanha uma forma de ganhar apoio da população na defesa de sua proposta. O texto foi enviado à Câmara em fevereiro, mas pouco avançou desde então (saiba mais aqui).
O personagem vetado é Dirceu Moreira Brandão Filho, de 53 anos. A Secom interpretou a escolha dele como um possível desgaste porque o autor do crime é um fazendeiro. Neste contexto, a tentativa de homicídio cometida contraria os projetos de flexibilização de armas no campo, encampado por apoiadores de Bolsonaro.
O crime foi registrado em 1991 durante uma exposição agropecuária em Passo Fundo, cidade de Minas Gerais onde Brandão Filho vive até hoje. Na ocasião, ele foi atingido por dois tiros, um na boca e outro na nuca, ficou cinco dias em coma e até hoje tem uma das balas no corpo.
O autor dos disparos é Omar Coelho Vítor, que não foi punido. A justificativa para o crime é de que sua mulher teria sido "cantada" pela vítima, na época um homens de 25 anos.
De acordo com a publicação, esse caso foi o foco da primeira decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o cumprimento de pena após condenação em segunda instância, em 2009. Na época, a corte decidiu que o réu deveria ficar em liberdade até o processo transitar em julgado. Anos depois, em 2016, o STF reviu esse entendimento.
Com isso, a produtora e o Ministério da Justiça queriam usar o caso de Brandão Filho para defender a transformação da prisão após segunda instância em lei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário