Psicanalista alerta como identificar essa manipulação sutil
A casa mais vigiada do Brasil pegou fogo neste domingo. A direção do BBB23 advertiu ao vivo, o casal Gabriel e Bruna Griphao, por conta de atitudes e falas do rapaz, carregadas por machismo dominante, agressividade e ameaças veladas contra a atriz.
Com o objetivo de evitar que a situação chegue a proporções mais sérias, o alerta foi dado e ficou claro que o relacionamento abusivo e tóxico existe e o público já se deu conta disso. E podemos ir além, temos aqui um típico caso de abuso psicológico chamado Gaslighting.
A melhor definição para o Gaslighting é um tipo de abuso silencioso, já que não há uma agressão clara. Mas sim, a agressão existe e vem disfarçada de ações que podem camuflar a perversidade do processo em si.
Uma manipulação sutil, na qual o abusador enfraquece a autoestima, o amor próprio e a confiança da vítima, fazendo com que ela se coloque cada vez mais submissa, dependente e, se anulando a tal ponto que, não consiga ter a clareza destes atos perversos e coloque em dúvida suas próprias emoções e seus medos.
O Gaslighting quando praticado ressalta o fato de que a vítima quase nunca tem consciência de estar sendo abusada e uma das características deste processo é que o agressor usa de estratégias perversas para fazer com que ela tenha dúvidas sobre os fatos e acredite que tudo não passa de invenção, paranoia ou uma histeria de sua cabeça.
Faz com que ela pense estar sempre equivocada e exagerando em suas proposições. Insultos, agressões verbais, diminuições claras, depreciação, manipulações também são ingredientes que podem ser encontrados nessa rede do Gaslighting.
Uma das principais características desse abuso psicológico é a alteração da percepção de realidade da vítima, que anula sua consciência e cria a negação de que vive em meio a uma atmosfera abusiva. Porém, a carência afetiva desta contribui para sua insegurança e confusão emocional diante dos acontecimentos.
Portanto, podemos entender porque a Gaslighting é considerada uma agressão psicológica silenciosa e incessante, que tem como consequências para suas vítimas, efeitos de maus tratos mentais severos e em alguns casos até irreversíveis.
O praticante deste ato, através de sua perversidade, tenta passar para a vítima que ele só quer ajudar, mostrando a ela que pode sim confiar nele e que suas atitudes são para ajudar e proteger. Porém, se não houver um basta, a relação vai se tornando cada vez mais tóxica e doentia.
Enfim, Gaslighting é crime e pode causar muitos danos psíquicos em quem sofre o abuso. O retrato real da nossa atual sociedade mostrada através das interações comportamentais dentro do Big Brother Brasil, denunciam uma triste realidade sobre as várias formas e mecanismos de violência presentes no universo das relações pessoais que devem ser divulgadas e esclarecidas para a população.
Mas, quanto mais orientados e informados estivermos, mais perceptível fica entender as estratégias de um abuso, principalmente entre as mulheres. Portanto, ao menor sinal de agressão psicológica, deve-se buscar ajuda profissional, sem medo da exposição.
Se faz necessário o resgate da credibilidade, da autonomia, da liberdade de expressão e da autoestima, para evitar o adoecimento emocional que muitas vítimas sofrem por se verem envolvidas e oprimidas por um tipo de perversão camuflada como essa.
Dra. Andrea Ladislau / Psicanalista
Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Possui especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. É palestrante, membro da Academia Fluminense de Letras e escreve para diversos veículos. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional de pessoas do Brasil inteiro.
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