Ex-presidente afirmou que Bolsonaro e Lula se assemelham ao defender fim do teto de gastos e disse que ameaça de golpe é estratégia eleitoreira
Foto: Beto Barata/ PR
Alçado ao comando do Executivo federal após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente Michel Temer (MDB) apontou dificuldades em estabelecer um diálogo com o Partido dos Trabalhadores e apontou alguns ressentimentos com relação à sigla. bahia.ba/eleicoes2022
“Alckmin veio me visitar delicadamente dizendo que era uma visita de cortesia para dar um abraço. E só ao final mencionou a reforma trabalhista e disse: ‘Olha, faremos uma ou outra revisão, se for preciso’. Foi o único ponto em que ele tocou. Agora, fica difícil manter um diálogo transparente quando se diz que foi golpe”, disse Temer, em entrevista ao jornal O Globo, citando o processo de impedimento de Dilma, classificado pelos petistas de golpe, que teria sido orquestrado por ele, enquanto vice-presidente.
“Não posso concordar com quem afirma que quem fez a reforma trabalhista tem uma mentalidade escravocrata [a frase foi dita por Lula]. Com quem diz que a Lei das Estatais não deve valer [a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, fez críticas recentes à legislação]. O diálogo fica difícil”, afirmou o ex-presidente, citando políticas de sua gestão que são contestadas pela esquerda.
Na mesma entrevista, ele afirmou ainda que Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) se assemelham com relação à agenda reformista e o teto de gastos do governo. “Digamos que eles estão se unindo nesse ponto. Que é um ponto populista. O que tem havido nesta coincidência é exatamente gestos populistas”, avaliou Michel Temer, afirmando que apoiará a senadora Simone Tebet (MDB) nas eleições presidenciais de outubro.
Questionado sobre a possibilidade de Bolsonaro rejeitar o resultado das eleições e implementar um golpe, ele disse não acreditar em uma ruptura. “Eu não o conheço na intimidade. Tive alguns poucos contatos com ele, para ajudar o Brasil. Não foi para ajudar a pessoa do presidente. Foi para passar a ideia da harmonia e da estabilidade das instituições”, disse ele, citando sua atuação na tentativa de baixar a tensão entre o presidente e o Supremo Tribunal Federal (STF). “Eu falo isto porque a Constituição assim o determina. Toda vez que as autoridades descumprem esse preceito, estão cometendo uma inconstitucionalidade. Não acho que vamos romper com as instituições”, pontuou, acrescentando, no entanto, que pode “estar redondamente enganado”.
Ele avaliou ainda que uma eventual ruptura não é o desejo dos militares e apontou as ameaças de Bolsonaro como estratégias eleitorais. “Pela confiança que eu tive como presidente da Câmara, vice-presidente e presidente da República, sei que as Forças Armadas não querem golpe. Por mais que se fale tudo isso, eu acho que este falar é eleitoreiro. Não é real”, apontou.
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