Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista
Infelizmente, aconteceu novamente. Os noticiários mais uma vez, trazem à tona outra história trágica que, entre outros fatores, pode ter sido provocada pela ingestão excessiva e indevida de medicamentos, utilizados com a promessa de emagrecimento ou conquista da estética perfeita. Paulinha Abelha, uma jovem cantora de forró de 43 anos, faleceu e exames toxicológicos apontam a presença destas substâncias em seu corpo que, muitas vezes provocam o adoecimento e a inflamação de órgãos vitais do corpo humano.
O sofrimento hepático irreversível a levou à morte. O fato estarrecedor, não é uma situação isolada e nos leva a refletir, o que faz com que, pessoas aparentemente saudáveis caiam nestas armadilhas de promessas mágicas, divulgadas pelas redes sociais, em busca do corpo perfeito, da pele perfeita ou mesmo da necessidade da criação da imagem distorcida e irreal?
E quais são os impactos e motivações psicológicas deste contexto? A maximização do belo e perfeito, propagada pelas mídias, ganha apoio em potencial, popularizando-se com a utilização exagerada de diversos métodos ou receitas que evidenciam uma necessidade em apresentar uma aparência, distante da realidade, marcada por medidas corporais e simétricas perfeitas para impressionar e se sentir bem.
Infelizmente a exigência pela perfeição está por toda parte, até mesmo nas redes sociais que divulgam métodos espetaculares para alcançar esse objetivo. Esses exageros, seja por ingestão de substâncias ou mesmo no uso indisciplinado dos famosos filtros virtuais, destacam o desejo da perfeição, estabelecendo um senso de estética e padronização do seu perfil pessoal.
E a pergunta que não quer calar: onde foi parar o senso crítico, o aceite do biotipo, o amor próprio e a auto estima do ser humano que encara essas armadilhas e arrisca tudo para ficar dentro dos padrões de estética e beleza aceitáveis?
Aqui entra a ilusão da construção imposta dos chamados padrões de beleza, sobrepondo-se a uma versão distorcida de nós mesmos, trazendo à tona uma questão inerente ao ser humano que é a necessidade de pertencimento. Neste caso, o desejo e a vontade em pertencer ao grupo dos belos e perfeitos, classificados por rótulos, em contraponto a busca de expressão de sua própria individualidade que, na maior parte das vezes, justifica-se por um sentimento de insuficiência e competição.
Enfim, o caso da cantora Paulinha abelha é mais um exemplo de que nosso sinal de alerta deve ser disparado quando essa busca insana da perfeição atiça a psiquê, a ponto de tornarem-se indispensáveis a utilização de fórmulas milagrosas, sem comprovação científica ou mesmo sem a aprovação do Ministério da Saúde ou da Anvisa.
Ou ainda, utilizados com a finalidade errada, atropelando a realidade e sendo usados de forma exclusiva, extrapolando desejos e satisfações, sem qualquer acompanhamento médico. Portanto, respeite seus limites e coloque sempre sua saúde e segurança em primeiro lugar.
Desconfie de remédios, fórmulas e dietas milagrosas. Fuja da imposição neurótica de uma vida de aparências, pois o ser humano não morre quando o coração para de bater, ele morre quando deixa de se sentir e se perceber de verdade. Busque uma terapia, faça exercícios físicos e busque ser menos exigente consigo mesmo. Seu corpo e sua mente agradecem.
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista:
Psicanalista (SPM); Doutora em Psicanálise, membro da Academia Fluminense de Letras –cadeira de número 15 de Ciências Sociais; administradora hospitalar e gestão em saúde (AIEC/Estácio); pós-graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social (Facei); professora na graduação em Psicanálise; embaixadora e diplomata In The World Academy of Human Sciences US Ambassador In Niterói; membro do Conselho de Comissão de Ética e Acompanhamento Profissional do Instituto Miesperanza; professora associada no Instituto Universitário de Pesquisa em Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo; professora associada do Departamento de Psicanálise du Saint Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada, situado em souhaites; graduada em Letras - Português e Inglês pela PUC de Belo Horizonte.
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