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quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Dia do Combate à Aids: Informação e prevenção são essenciais para evitar doença

Foto: Divulgação
Com aproximadamente 630 mil infectados no Brasil, a Aids não deixou de ser uma epidemia. De acordo com dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, estima-se que, do total, 255 mil pessoas não saibam ou não fizeram o teste para descobrir se estavam com a doença. Só em 2020, foram 31 mil novos infectados, com média anual, desde 1980, de 35 mil casos por ano. Esta terça-feira (1º) marca o Dia Mundial do Combate à Aids. 

O secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas, divulgou nesta terça que a Bahia contabilizou 321 novos casos de Aids entre janeiro e novembro deste ano (lembre aqui). 

Entretanto, a médica Inês Dourado, doutora em epidemiologia pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (EUA) e coordenadora do projeto PrEPara Salvador, acredita que a preocupação com a prevenção da doença diminuiu entre os jovens, por uma série de fatores. O primeiro deles é a falta de qualidade na informação disponível. 

"Na década de 1980, se falava muito na mídia informações sobre HIV, sobre as campanhas de prevenção. Nos momentos de carnaval, São João, sempre se fazia campanhas, se falava nas rádios. Hoje em dia você não escuta mais falar sobre isso, nem nas escolas. Os programas de saúde nas escolas, saúde e sexualidade, foram diminuindo. A gente está vivendo um momento de retrocesso, de conservadorismo, onde essas questões não estão sendo abordadas onde mais precisa. Hoje temos o contexto de pandemia, e as pessoas se informam muito pelas plataformas digitais, mas a informação não chega de uma forma que comunique", analisa. 

Atualmente, a quantidade de tratamentos e de opções de prevenção disponíveis contra o vírus HIV é muito grande. Os coquetéis com inúmeros remédios que deixavam o paciente debilitado, por exemplo, foram substituídos por uma pílula que contém os três medicamentos necessários para tratar a Aids, os chamados antirretrovirais. 

Para a população jovem, que não teve muito acesso ao tipo de tratamento antigo, avalia Inês, isso pode gerar algum tipo de despreocupação com a doença. "Há uma certa normalização e uma ideia, e é verdade, de que o tratamento, se a pessoa adere bem, se faz o diagnóstico precocemente, faz seu monitoramento químico, tem uma vida completamente normal. A gente sabe também que o tratamento é prevenção. A pessoa com carga viral indetectável não transmite o vírus. Isso também é informação que circula. Mas, eu vou lhe dizer, a revelação de um diagnóstico é sempre difícil. Não é fácil se defrontar com essa situação. A normalização não se concretiza", revela. 

PrEPara SALVADOR
Seguindo na linha de melhorar a informação sobre o vírus do HIV, Inês coordena hoje o projeto PrEPara Salvador. A ação tem como objetivo alertar o público jovem (gays, travestis, mulheres trans e homens que praticam atos sexuais com outros homens mas não se consideram gays), principalmente adolescentes entre 15 e 19 anos, para a importância da prevenção da Aids. 

O nome faz referência à PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), que é um comprimido que se toma diariamente para se prevenir da doença. Atualmente, ele é disponível no SUS para pessoas dos grupos citados acima que possuem mais de 18 anos.

"Aqui no Brasil, os dados epidemiológicos mostram que o risco, a probabilidade de uma pessoa se infectar pelo HIV é maior em certos grupos da população. É maior em pessoas que têm práticas sexuais desprotegidas. Tem a ver também com a quantidade de vírus que circula entre grupos populacionais. Por isso que a PrEP é voltada para pequenos grupos. Abaixo de 18 anos, ainda não existe a PrEP no SUS, então nosso projeto está criando essa fonte de informação, já que a epidemia cresce entre jovens", conta Inês.

Isso não significa, entretanto, que a Aids não possa contaminar pessoas que possuem outros tipos de sexualidade. Qualquer um está vulnerável se não tomar as prevenções corretas. Vale lembrar que o PrEP deve ser tomado antes que haja a relação sexual. Caso ela já tenha acontecido, a medida certa é ir a uma unidade do SUS para fazer uso do PEP (Profilaxia Pós-Exposição). "Pode procurar a unidade e fazer o tratamento por 28 dias", afirma a especialista.

A Aids é uma doença que afeta o sistema de defesa do corpo humano e o deixa altamente vulnerável a outras enfermidades. O vírus do HIV pode ser transmitido por meio do contato com agulhas infectadas, sangue, sêmen ou fluidos vaginais. Os sintomas são semelhantes aos da gripe, como febre, dor de garganta e fadiga. A doença costuma ser assintomática até evoluir para Aids. Os sintomas incluem perda de peso, febre ou sudorese noturna, fadiga e infecções recorrentes. Não existe cura, mas existe tratamento.

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