Às vésperas do julgamento do mensalão, que se inicia no dia 2 de agosto, o pivô de toda a confusão decidiu falar. Em São Paulo, Roberto Jefferson declarou: “Está na hora de se julgar o caso e de se virar essa página da nossa história”. Segundo ele, os ministros do Supremo Tribunal Federal deverão agir de forma técnica, sem se deixar contaminar pela pressão política.
Em 2005, quando o PTB era aliado do governo Lula e ocupava várias diretorias dos Correios, um apadrinhado de Jefferson foi filmado recebendo, dentro da estatal, uma propina de R$ 3 mil – uma “peteca”, segundo o ex-deputado. O filme foi produzido pelo araponga Jairo Martins, que trabalhava para o hoje notório Carlos Cachoeira.
A partir desta notícia, publicada na revista Veja, uma avalanche de denúncias foi desencadeada. Jefferson concedeu, em maio de 2005, duas entrevistas à jornalista Renata Lo Prete, então editora do Painel da Folha de S. Paulo. Na primeira, denunciou a existência do mensalão – um esquema de pagamento mensal a parlamentares. Na segunda, afirmou que o mensalão era operado pelo publicitário Marcos Valério de Souza, das agências DNA e SMPB. Depois disso, a revista Istoé Dinheiro publicou uma entrevista com Fernando Karina Sommaggio, ex-secretária de Valério, em que ela denunciou os bancos Rural e BMG.
Depois disso, veio a CPI dos Correios e um strike foi produzido no governo Lula, começando pela queda do ministro José Dirceu – substituído, justamente, pela atual presidente, Dilma Rousseff. A primeira denúncia foi produzida pelo ex-procurador-geral Antonio Fernando de Souza e a segunda pelo atual, Roberto Gurgel. No STF, o caso foi relatado por Joaquim Barbosa e revisado por Ricardo Lewandowski.
Recentemente, Jefferson declarou que o mensalão, como esquema de mesada parlamentar, nunca existiu. Disse que a expressão foi apenas uma figura retórica. Assim, sua versão se aproximou da mesma que é sustentada pelo PT: a de que o esquema, na verdade, era apenas um mecanismo de caixa dois eleitoral – os chamados “recursos não contabilizados”.
Jefferson produziu um tsunami na política brasileira, perdeu o mandato parlamentar, mas preservou sua influência. Como presidente nacional do PTB, ele se mantém como “padrinho” de áreas controladas pelo partido, como a Casa da Moeda e a Superintendência de Seguros Privados, a Susep. Duas áreas subordinadas ao Ministério da Fazenda.
Curiosamente, Jefferson estava, em São Paulo, no mesmo hotel onde o ministro Guido Mantega manteve encontros com empresários, nesta sexta-feira.
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