Roberto Gurgel, procurador-geral da República, é cearense da gema. Nasceu em Fortaleza e fez seus estudos no Rio de Janeiro. Como tal foi convidado para um almoço, em sua homenagem, na Casa do Ceará, em Brasília, na última sexta-feira.
A Casa é mantida por outro cearense ilustre na capital federal: o jornalista Fernando Cesar Mesquita, também nascido em Fortaleza. Assessor do senador José Sarney, Fernando Cesar é um personagem querido na corte. Bem-relacionado, é próxima a juízes, jornalistas e políticos de todos os partidos. Criou a Casa do Ceará em Brasília inspirado na Maison du Brésil em Paris.
O almoço foi uma espécie de desagravo a Gurgel, alvo do PT, na CPI do caso Cachoeira, e também de representações feitas pelo senador Fernando Collor de Mello, por ter supostamente prevaricado no caso do senador Demóstenes Torres (sem partido/GO). Collor pretende até promover um impeachment do procurador-geral, mas os cearenses estavam ali para dar uma força a Gurgel.
Durante todo o tempo, Gurgel esteve acompanhado de seu antecessor no cargo, Antonio Fernando de Souza, que apresentou a primeira denúncia do mensalão. Lá pelas tantas, Gurgel foi perguntado sobre a denúncia contra o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, apresentada no mesmo dia, que, por coincidência, era o último antes do recesso do Poder Judiciário.
Foi então que Gurgel fez uma confidência, revelando o teor de uma conversa mantida entre ele e a procuradora Raquel Dodge, responsável pelo caso. “Ou você apresenta agora, ou vou mandar arquivar”, teria dito Gurgel. E ela teria pedido então para que o procurador também assinasse a peça.
Foi assim que brotou, com quase três anos de atraso, a denúncia contra Arruda. Uma denúncia que enfrenta várias dificuldades técnicas. A maior delas decorre do fato de todas as provas serem anteriores à posse de Arruda como governador do Distrito Federal – as imagens feitas pelo delator Durval Barbosa são de 2006 e Arruda foi empossado em 2007.
Gurgel, que fará a sustentação oral da denúncia do mensalão do PT, que será julgado a partir de 2 de agosto, temia chegar à ocasião sem ter apresentado uma denúncia contra Arruda, que foi preso e perdeu seu mandato. Ele sabia que seria questionado por ministros do Supremo Tribunal Federal, como Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Gilmar Mendes.
Por isso mesmo, entre enfrentar esse risco e oferecer uma denúncia tecnicamente questionável, preferiu a segunda opção. De 247
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