247 – Alfredo Nascimento, ex-chefe dos Transportes, foi o primeiro ministro a ser “faxinado” pela presidente Dilma, no início do ano passado. Logo que voltou ao Senado, Nascimento deu voz a um sentimento que ainda era incipiente. “O barbudo tem que voltar”, disse ele, no plenário do Senado, a senadores próximos.
Um dos líderes do PR, Nascimento recebeu um ministério entregue com “porteira fechada”. O que permitiu ao partido indicar aliados em cargos estratégicos como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, que era chefiado por Luiz Antônio Pagot, e a Valec, estatal ferroviária comandada por José Ribeiro das Neves, o Juquinha.
Esse estilo de construção de apoio político, o da porteira fechada, veio no segundo mandato de Lula. No primeiro, tudo se fez num outro modelo – o do mensalão – que será julgado a partir de 2 de agosto deste ano. A entrega de cargos com porteira fechada consiste em, também, fechar os olhos para o que se passa dentro da porteira – é o famoso “deixar roubar”.
Alfredo Nascimento não era o único a trabalhar dessa maneira. Logo depois dele, a “faxina” de Dilma atingiu aliados do PMDB, do PC do B, do PP e de outros partidos – o que deu à presidente um nível de popularidade de 70% ao se afastar do mundo político e consolidar a percepção de que, ao menos, tenta combater o “malfeito”.
Do ponto de vista de imagem, Dilma ganhou pontos junto à opinião pública. Mas, no mundo político, cresceu a percepção antes ecoada por Alfredo Nascimento de que “o barbudo tem que voltar”. Lula é o político mão aberta. Dilma, a gestora mão fechada.
O problema é que o modelo anterior talvez tenha se esgotado, numa sociedade cada vez mais aberta e transparente como a brasileira. O modelo de coalizão da “porteira fechada”, muitas vezes, termina em porta em cadeia, como no caso Juquinha. Quando um político é nomeado para um cargo que deveria ser eminentemente técnico, como era o caso da Valec, ele arrecada para seus padrinhos e acaba formando seu próprio pé de meia. Juquinha, em oito anos, fez um de R$ 60 milhões.
Será que a sociedade brasileira quer a volta desse modelo?
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