Os cartórios de registro civil registraram aumento de 31% no número de mortes por doenças cardiovasculares entre 16 de março, quando os estados começaram a decretar a quarentena por causa da pandemia da covid-19, a 31 de maio, em comparação com o mesmo período de 2019.
Os dados fazem parte do novo módulo do Portal da Transparência, lançado hoje (26), que reúne os óbitos por doenças cardíacas. O módulo foi desenvolvido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Porém, o levantamento da SBC mostra que os óbitos por infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC) registraram queda de 14% e 5% respectivamente, no período analisado, o que, na avaliação do presidente da entidade, Marcelo Queiroga, pode estar diretamente relacionado ao aumento do número de mortes em domicílio e à dificuldade do diagnóstico exato.
“A forte correlação positiva entre o aumento de mortes cardiovasculares por causas inespecíficas e domiciliares corrobora essas explicações, pois pode sugerir que pelo menos algumas das mortes por infarto e AVC ocorreram em casa, impedindo o diagnóstico correto”, disse Queiroga.
O presidente da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, Ricardo Costa, lembra que as doenças cardiovasculares, que são as que mais matam no Brasil e no mundo, continuam acontecendo. “Estamos vivendo situação preocupante. A mortalidade pode estar sendo aumentada pelo não tratamento ou pelo tratamento muito retardado, pela não procura dos indivíduos infartados por um atendimento da maneira adequada”.