No poder desde 2003, o presidente Recep Tayip Erdogan tem sido acusado de transformar a Turquia em um país regido pelas leis religiosas islâmicas (sharia), opondo-se ao sistema secular adotado pelo país desde sua formação, em 1923, após o fim do Império Turco Otomano. Embora ele negue, seu governo dá sinais que pretende realizar mudanças profundas na sociedade turca.
A direção turca de assuntos religiosos (Diyanet), uma poderosa instituição pública, passou a receber fortes críticas após ter afirmado que as meninas poderiam se casar a partir dos nove anos. O diário turco Hürriyet publicou uma declaração oficial da Diyanet sobre planos para, seguindo a lei islâmica, estabelecer a idade mínima para casamento de 12 anos para os meninos e 9 para as meninas.
A declaração, que é uma nota explicativa relativa à lei islâmica, acabou sendo retirada da página do jornal, por causa da grande polêmica. Muitos setores da sociedade turca insistem que questões religiosas não poderiam se sobrepor às leis em vigor no país.
Grupos de defesa dos direitos das mulheres também se manifestaram fortemente contra a Diyanet, acusando-a de “legitimar as agressões sexuais contra as crianças”. A idade legal para contrair matrimônio na Turquia é 18 anos, podendo os país autorizarem o casamento a partir dos 16 anos, em regime de excepcionalidade.