‘Me apavora o machismo incrustado na cabeça de mulheres ditas esclarecidas’, disse a presidente do PT, que classificou a declaração da jornalista como ‘desprezível’
Foto: Reprodução / Facebook
Presidente do PT e integrante da equipe de transição de governo, a deputada federal Gleisi Hoffmann rechaçou a fala da jornalista Eliane Cantanhêde, que durante o programa Em Pauta, na Globonews, criticou “excesso de espaço” que a futura primeira-dama Rosângela Silva, a socióloga Janja, vem ocupando antes mesmo do início da gestão do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Me apavora o machismo incrustado na cabeça de mulheres ditas esclarecidas, onde estereótipo dos papéis delegados a nós é o importante. Desprezível fala de Eliane Cantanhêde sobre Janja. Ter opinião e participação política é direito de TODAS nós mulheres! Sem essa de primeira dama”, declarou a parlamentar, neste sábado (12), por meio de sua conta no Twitter.
Me apavora o machismo incrustado na cabeça de mulheres ditas esclarecidas, onde estereótipo dos papéis delegados a nós é o importante. Desprezível fala de Eliane Cantanhede s/ @JanjaLula.Ter opinião e participação politica é direito de TODAS nós mulheres!Sem essa de primeira dama
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) November 12, 2022
Alvo de críticas, a jornalista comentou a atuação de Janja na transição e afirmou que há “incômodo” com o papel que vem desempenhando a futura primeira-dama ao lado do petista. “O presidente é o Lula, tudo tem limite”, disse Cantanhêde em tom de reprovação, lembrando que em recente discurso do presidente eleito, sua esposa estava sentada ao lado dele.
“Ela não é presidente do PT, ela não é líder política, ela não é presidente de partido. Enfim, por que que ela tava ali, qual é o papel da primeira-dama?”, disse a jornalista, citando exemplos de outras esposas de presidentes como Iolanda Costa e Silva, casada com Artur da Costa e Silva, classificada como “super maquiada” e “super artificial”; a “discreta” dona de casa Lucy Markus, mulher de Ernesto Geisel; e Rosane Collor, ex de Fernando Collor de Mello, a quem teceu críticas por “confusão”.
“Você vai na abertura política, na redemocratização, quem se esqueceu da Rosane Collor jogando a aliança fora, fazendo confusão? E aí, todo dia tinha briga, e diziam que ela fazia coisas religiosas meio estranhas na Casa da Dinda, ou seja, isso não é bom”, disse Eliane Cantanhêde, segundo a qual, “um bom exemplo” de primeira-dama foi a ex-mulher de Fernando Henrique Cardoso.
“Como a Janja, tinha o brilho próprio, era uma professora universitária, uma mulher super respeitada na área dela […], mas ela não tinha protagonismo, ela não tinha voz nas decisões políticas. Se tinha, era a quatro chaves, dentro do quarto do casal”, disse a jornalista, comparando o perfil da esposa de Lula à ex de FHC.
“Ou seja, já incomoda sim, porque ela vai começar a participar de reunião, já começou a participar de reunião, já vai dar palpite, e daqui a pouco ela vai dizer ‘ah, esse pode ser ministro, esse aqui não pode’. Isso dá confusão. Se é assim na transição, imagina quando virar primeira-dama”, concluiu.
Ela literalmente falou que o papel da mulher é dentro de 4 paredes, no quarto do casal? Foi Isso mesmo @ECantanhede pic.twitter.com/NpYGxVm2Rr — Ana Lulu (@AnaLuluRio) November 12, 2022
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