Foto: Reprodução
Investigações da Polícia Civil do Ceará revelaram que a rede de lojas de departamento Zara montou um sistema que utilizava câmeras e códigos para descriminar clientes negros em uma unidade localizada em um shopping de Fortaleza.
De acordo com o delegado geral da PCCE, Sérgio Pereira, testemunhas relataram que o código "Zara zerou" era disparado no alto-falante da loja quando entrava um cliente fora do padrão desejado pela loja. Eram alvos do alerta pessoas negras e julgadas como "mal vestidas".
A ocorrência de tal prática com uma delegada da polícia cearense, Ana Paula Barrroso, foi o estopim para que outros casos fossem descobertos. Ela, uma mulher negra, foi barrada por funcionários quando tentava acessar o interior da loja.
O gerente Bruno Filipe Simões Antônio foi indiciado pelo crime de racismo. Conforme noticiou o Diário do Nordeste, ele também é suspeito de constranger uma cliente que se recusou a pagar por roupas da Zara pelo preço em dólar australiano, como estava na etiqueta.
Em nota, a Zara Brasil respondeu que "não teve acesso ao relatório da autoridade policial até sua divulgação nos meios de comunicação, quer manifestar que colaborará com as autoridades para esclarecer que a atuação da loja durante a pandemia Covid-19 se fundamenta na aplicação dos protocolos de proteção à saúde, já que o decreto governamental em vigor estabelece a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes públicos. Qualquer outra interpretação não somente se afasta da realidade como também não reflete a política da empresa".
"A Zara Brasil conta com mais de 1800 pessoas de diversas raças e etnias, identidades de gênero, orientação sexual, religião e cultura. Zara é uma empresa que não tolera nenhum tipo de discriminação e para a qual a diversidade, a multiculturalidade e o respeito são valores inerentes e inseparáveis da cultura corporativa. A Zara rechaça qualquer forma de racismo, que deve ser combatido com a máxima seriedade em todos os aspectos", acrescentou a empresa.
Representantes do Movimento Negro Unificado (MNU) compareceram à coletiva de imprensa da Polícia Civil, realizada nesta terça-feira (19). O coordenador estadual do MNU no Ceará, Kim Lopes, disse acreditar que a investigação é "um marco importante de todo o Sistema de Justiça do Ceará".
"Esperamos que, a partir de agora, sejam mais acolhidas as denúncias de racismo, que nossos irmãos e irmãs sofrem no cotidiano, nesta cidade tão apartada e tão racista que é Fortaleza", disse Lopes ao jornal cearense.
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