Mulheres são vítimas do " golpe do amor "

Por Dr. Couto de Novaes

(Advogado, sócio na P&C Advocacia / WhatsApp: 71 9 9205 4489)

No início, tudo parece um conto de fadas: uma mulher brasileira é abordada na internet por um charmoso homem estrangeiro, que se diz encantado por ela, logo pedindo-a para conhecê-la melhor. Dali em diante, engatam um intenso namoro virtual, que dura semanas ou meses, com planos de casamento e investimentos no Brasil, mas tudo acaba quando a vítima é completamente seduzida pelo suposto príncipe, enviando-lhe altas somas em dinheiro. A realidade se impõe: o homem dos sonhos jamais existiu, tratava-se apenas de um fake, operado por estelionatários.

A DINÂMICA DO GOLPE

Membros de associações criminosas criam perfis falsos em redes sociais e sites de relacionamentos, usando informações e fotos de homens estrangeiros atraentes, muitas vezes se passando por militares americanos, ingleses, argentinos que desejam encontrar uma brasileira para “amor verdadeiro”. O suposto pretendente parece ser o companheiro perfeito: meigo, gentil, elegante, bem sucedidos, viúvo ou recém divorciado, desejoso de iniciar uma nova vida no Brasil, inclusive com planos de montar uma empresa tendo a mulher vítima como futura sócia.

As investigações da polícia brasileira apontam que o “golpe do amor” é praticado por quadrilhas internacionais, com alto grau de sofisticação. Por exemplo, há membros especializados unicamente na sedução das mulheres; outro grupo cuida de identificar as vítimas perfeitas, mapeando suas carências e gostos pessoais etc. Assim, o relacionamento virtual caminha até o momento em que o falsário dá o “bote”: alega que precisa mandar malas para o Brasil para iniciarem a vida em casal, mas que, para tal, necessita que a vítima lhe conceda empréstimos para pagamento das taxas alfandegárias junto à Receita Federal.

Há mulheres que, até perceberem que estão sendo vítimas de estelionatários, chegam a passar aos meliantes grandes quantias em dinheiro, na forma de transferências bancárias, ou pagamento de falsos boletos. As vítimas são mulheres acima dos trinta anos, de todas as classes sociais e de escolaridade diversa, são empresárias, médicas, professoras universitárias, aposentadas, que, para além dos prejuízos financeiros, sofrem grande dor psicológica e moral. É importante que a vítima não se culpe! Ao contrário, deve procurar ajuda imediata junto a familiares e profissionais de sua confiança. Fiquem vigilantes! Afinal, a justiça não acode quem dorme.