Foto: Marcos Corrêa / PR
A decisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de distribuir ministérios a nomes do PL, Republicanos e PSD provocou revolta na bancada do Progressistas. Deputados cobram do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), a abertura de espaços na equipe do governo federal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
A bancada do partido de Lira não se sente contemplada com a nomeação de Flávia Arruda (PL-DF) para a Secretaria de Governo. O partido, por enquanto, emplacou indicados apenas em cargos de segundo ou terceiro escalão, como no comando do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), autarquia cobiçada pelo orçamento na casa de R$ 1 bilhão.
Uma ala do Progressistas articula até mesmo a votação de projetos incômodos ao governo, que podem representar aumento de gastos, para mostrar o descontentamento.
O deputado Fausto Pinato (Progressistas-SP) escancarou o mal estar nesta quarta-feira (7) ao usar o tempo da liderança da legenda no plenário para falar sobre três projetos de lei, de sua autoria, que podem dar dor de cabeça ao ministro da Economia, Paulo Guedes.
O projeto 1204/2021 estabelece, por exemplo, um imposto sobre renda e rendimentos de aplicações de fundos de investimentos fechados. Outro (87/2021) cria um programa excepcional de regularização tributária. Uma terceira proposta (1291/2021) permite, ainda, que os resultados positivos do Banco Central possam ser destinados ao Tesouro Nacional enquanto durar a pandemia de Covid-19.
“Entendo que meu partido irá esticar a corda até onde for racionalmente possível”, disse Pinato. “Com a queda de popularidade [de Bolsonaro] e sem uma união racional e estratégica para ajudar o governo a melhorar sua popularidade, [o Progressistas] adotará uma linha independente, para deixar de ser a tropa de choque. É exatamente aí que mora o perigo de uma debandada do centro".
A portas fechadas, deputados do Progressistas apresentaram várias queixas ao presidente da Câmara. Disseram, por exemplo, que o Centrão aparece como beneficiado na reforma da equipe de Bolsonaro sem que o Progressistas, principal partido do bloco liderado por Lira, tenha ocupado nenhum ministério.
Integrantes da legenda se sentem também desprestigiados no episódio que levou à substituição do general Eduardo Pazuello pelo médico Marcelo Queiroga no comando do Ministério da Saúde. O Progressistas tentou emplacar no posto o deputado Luiz Antonio Teixeira (RJ), conhecido como Doutor Luizinho, e também endossou o nome da médica Ludhmila Hajjar. O primeiro foi ignorado por Bolsonaro e a segunda passou por um processo de “fritura”, deflagrado nas redes sociais pela base bolsonarista.
Outra demanda não atendida foi a recriação do Ministério do Esporte, que desde o governo de Michel Temer (MDB), em 2016, virou secretaria. A estrutura do Esporte está hoje vinculada ao Ministério da Cidadania, que é comandado por João Roma. Deputado licenciado, Roma é filiado ao Republicanos, partido que também integra o Centrão.
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