Ricardo Galvão, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), disse no sábado que a tendência de aumento do desmatamento é inegável, um dia após ter sido exonerado do cargo por conta de uma discussão pública com o presidente Jair Bolsonaro sobre dados publicados pela agência.
“Não há a menor dúvida”, disse ele à Reuters, quando perguntado se os dados apontavam para uma tendência de aumento significativo do desmatamento. “Nossos dados estão absolutamente corretos.” Foto: Ilustrativa/Pixabay
A saída de Galvão, um respeitado físico e membro da Academia Brasileira de Ciências, teve ampla repercussão negativa na comunidade científica do país. Informa a Isto é
Os ambientalistas também viram isso como um perigoso ataque a um dos principais pilares da luta do Brasil contra as mudanças climáticas –o uso de dados de imagens de satélite para medir e combater o desmatamento na Floresta Amazônica.
A preservação da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, é considerada vital na tentativa de conter o aquecimento global devido à sua enorme capacidade de absorver carbono.
Estatísticas preliminares da agência de pesquisa espacial Inpe mostraram um salto de 88% no desmatamento na Floresta Amazônica em junho na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Os dados de 1º de julho a 25 de julho, o mais recente disponível, registraram 1.864 quilômetros quadrados de desmatamento, mais do que o triplo da quantia registrada no mês de julho do ano passado.
Bolsonaro e seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, questionaram essa interpretação dos números produzidos por um sistema conhecido como Deter, dizendo que eles não deveriam ser usados para medir aumentos mês a mês, mas apenas como dados indicativos para ajudar as equipes de fiscalização a preparar operações contra a extração ilegal de madeira e queimadas em uma área que é três vezes maior que a Europa Ocidental.
O governo disse que apenas os dados anuais consolidados, conhecidos como Prode, devem ser usados para calcular aumentos no desmatamento.
Galvão concordou que os dados do Deter não deveriam ser usados para comparar um mês com o outro, porque o sistema não foi perfeitamente capaz de diferenciar exatamente quando o desmatamento ocorreu, mas enfatizou que isso não significa que o desmatamento mostrado no sistema não estava acontecendo.
Na verdade, a realidade é provavelmente ainda pior de acordo com Galvão. “Historicamente, os números do Deter são muito inferiores aos do Prodes”, disse ele. (Isto é)
Nenhum comentário:
Postar um comentário