Frank Gehrke, do departamento de recursos hídricos da Califórnia, carrega um medidor na montanha que costuma estar coberto por neve nesta época do ano (Foto: Rich Pedroncelli/AP)
As duas fotos acima foram tiradas no mesmo local, o pé de uma montanha na Califórnia, Estados Unidos. A primeira é desta quarta-feira (1º). A segunda, de exatamente um ano atrás. A diferença é impressionante: não há um vestígio de neve sequer na foto de hoje. O problema é que a Califórnia é extremamente dependente do gelo que derrete das montanhas para o abastecimento de suas cidades e, pelo quarto ano consecutivo, não houve chuvas ou neve suficientes. Por isso, o governador da Califórnia, Jerry Brown, anunciou medidas drásticas: racionamento de água. "É um mundo diferente. Nós temos que agir de forma diferente", disse o governador, justificando a medida, segundo o jornal Los Angeles Times.
A Califórnia vive o pior período de seca de sua história. Ainda não se sabe o que causou essa seca - alguns ambientalistas falam que ela é resultado do aquecimento dos oceanos causado pelas mudanças climáticas. Já a NOAA, a agência americana para oceanos e atmosfera, diz que é um fenômeno natural. De toda forma, o provável é que se trata da pior seca na região em mil anos.
Nesta quarta, Brown foi forçado a dar um passo além - o racionamento. Pelos próximos nove meses, toda a população da Califórnia precisará reduzir seu consumo de água em 25% em relação ao consumo de 2013. Segundo ele, isso levará a uma economia de 1,8 trilhão de litros de água. Além disso, o pacote de medidas exigirá que cemitérios, campos de golfe e outras áreas terão que reduzir o consumo de água; que novas casas tenham tecnologias hídricas eficientes; que a produção agrícola controle o uso da água; que a água fique ainda mais cara, para evitar desperdícios; entre outras medidas.
O caso é de particular interesse para o Brasil, especialmente para os paulistas: a forma como os americanos estão lidando com a seca pode servir de exemplo para a grave crise de água vivenciada no Sudeste do país. Reportagem de ÉPOCA de fevereiro, no entanto, mostrou que a forma como paulistas e californianos enfrentam seus problemas é muito diferente. Brown decretou estado de emergência, promoveu campanhas de conscientização e redução de consumo e aprovou uma série de medidas impopulares logo no começo da crise. Já em São Paulo, durante o início da crise, o governo insistia que era só esperar por chuvas.
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