O traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico da Favela da Rocinha, o homem mais procurado pela polícia do Rio de Janeiro, foi preso na noite desta quarta-feira, durante operação do Batalhão de Choque, em frente ao Clube Piraquê, na Lagoa, na Zona Sul do Rio.
O bandido estava dentro do porta mala de um Corolla preto, tentando fugir do cerco imposto por policiais na comunidade, que vive a eminente possibilidade de uma ocupação.
Comparsas de Nem teriam oferecido proprina de um milhão de reais aos policiais que efetuaram a prisão.
A primeira abordagem ao grupo foi na saída da Rocinha, na Gávea, na Zona Sul do Rio. Lá, os PMs pediram para revistar o veículo. Um dos homens do grupo se apresentou como funcionário do Consulado do Congo e outro, como advogado. Eles informaram aos policiais que não aceitariam ser revistados, pois o veiculo teria imunidade diplomática. Os PMs então decidiram escoltar o veículo até a sede da Polícia Federal. A PF é a responsável pelas questões com estrangeiros e com representações diplomáticas.
Quando cruzavam a região da Lagoa Rodrigo de Freitas, também na Zona Sul, os homens pararam o carro, se aproximaram dos policiais e tentaram negociar o suborno.
“O [homem que se apresentou como] cônsul do Congo, ofereceu propina, inicialmente de dez mil, e num crescente chegou a ofertar um milhão, para que o veículo fosse liberado sem ser revistado. Como o homem, identificado inicialmente como Consul, não poderia ser conduzido preso pela PM, a Polícia Federal foi chamada ao local. Na manhã desta quinta, a identidade do detido que teria se apresentado como diplomata ainda era investigada pela polícia.
Como “Consul” preso, por ter oferecido propina, a Polícia Federal ali mesmo resolveu revistar o veículo e encontrou Nem escondido no porta malas. O traficante não falou, nem ofereceu a menor resistência.
Nem e os outros suspeitos foram levados para a sede da PF, na Zona Portuária. O delegado Victor Poubel, da PF do Rio, disse que Nem pediu para ligar para a mãe e comunicou que havia sido preso.
"Ele mandou um recado para os filhos não faltarem às aulas", disse o delegado.
Por causa da iminente ocupação policial, o traficante Nem havia decretado desde a semana passada um toque de recolher para comerciantes e moradores. O traficante também teria limitado a circulação de motociclistas.
Apontado como um dos líderes da facção criminosa ADA (Amigos dos Amigos), o traficante Nem controla a Rocinha desde novembro de 2005 e possui nove mandados de prisão contra ele.
Uma investigação da Polícia Civil confirmou que Nem recebeu atendimento médico na manhã de segunda-feira (7) na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) da Rocinha.
Na ocasião, o traficante teria ido à UPA acompanhado de seguranças armados com fuzis. A Secretaria Municipal de Saúde, responsável pela unidade, não confirma o atendimento ao criminoso, mas também não nega o fato.
Uma das informações recebidas pela Polícia Civil é de que Nem teria procurado atendimento porque teria tido uma convulsão após misturar álcool com ecstasy durante uma festa realizada na Rocinha entre a noite de domingo (6) e a madrugada de segunda-feira.
O traficante deve ser transferido ainda nesta quinta para o presídio de Bangu, na Zona Oeste.
O Governo do Congo já informou que não possui Consul no Rio de Janeiro e o Governador do Rio de Janeiro disse que vai pedir para que o traficante seja transferido paras um presídio federal. *Fonte: O Dia, Extra, Folha de São Paulo
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