por Fernando Duarte
Presidentes de PT, PSB e PCdoB na Bahia | Foto: Divulgação/ PT
O governador Rui Costa voltou a falar sobre uma ampla frente em defesa da democracia no Brasil. Porém, dessa vez, incluiu uma proposta ainda menos palpável: a fusão de PT, PSB e PCdoB, para formar uma bancada que não seria alvo de “boicote da mídia”, para usar a mesma expressão citada por Rui e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em um mundo perfeito, a ideia poderia até ser levada a cabo. Na dura realidade brasileira, não deve acontecer nenhuma negociação nesse sentido.
Não vou entrar no mérito do “boicote”. É meio constrangedor esse discurso de que há um complô da mídia contra a oposição no país. A falta de organização e a ausência de uma liderança que consiga dialogar com as mais diversas frentes adversárias do presidente Jair Bolsonaro explicam mais essa espiral de silêncio do que a teoria de conspiração que a embasa. Tratar o comportamento da mídia como um boicote, inclusive, coloca o bolsonarismo e o petismo em um barco muito parecido.
Na proposta de Rui para aglutinar a oposição, a fusão entre PT, PSB e PCdoB pode fazer sentido para os petistas. Porém a iniciativa não deve agradar as outras duas legendas, que seriam engolidas pela estrutura partidária e pelo comando dos caciques da estrela vermelha. Socialistas e comunistas, que permaneceram como satélites do período em que o PT esteve no Palácio do Planalto, conseguiram maior visibilidade a partir do momento em que buscaram a dissociação da asa do antigo aliado. O exemplo mais claro disso é o falecido ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, cuja tentativa de se desprender do petismo rendeu uma candidatura viável, interrompida por um trágico acidente de avião.