por Fernando Duarte**Foto: Clauber Cleber Caetano/PR
Perto do bicentenário da Independência do Brasil - ao menos da versão contada pela historiografia oficial, o país segue sem poder comemorar uma real independência. Em 2020, a crise da Covid-19 atrapalhou inclusive o nosso faz de conta cívico. Infelizmente, 198 anos depois, seguimos como uma nação em construção, mas que sequer aprende com os próprios erros. Trocam-se os personagens, alteram-se alguns pontos do roteiro, porém o desfecho segue praticamente o mesmo.
Como estamos em um momento de "celebrar os heróis", para usar respeitosamente o mote do secretário nacional de Cultura, é importante lamentar o quanto é triste saber que o Brasil insiste nessa novela de protagonista versus vilões. Não há, no cenário político, apenas mocinhos. Todos são um pouco de "bandidos", ainda que cada um tenha um malvado favorito de estimação. Esse desapontamento é algo tão rotineiro, que sequer nos damos conta de como apostamos há tanto tempo na busca de uma fórmula perfeita que nunca vai existir.
Seguimos dependentes de erros históricos. A corrupção é um problema antigo e estamos longe de eliminá-la. Mesmo que tapemos o sol com a paneira, fingir que esse mal não está estruturalmente ligado ao Estado brasileiro é só um consolo. Sempre funcionou - mesmo que malmente - dessa forma e não existe uma força moralizadora capaz de remexer o status quo daqueles que detêm algum tipo de poder.