Guerra de facções e custos causam temor em pais de alunos de escolas que podem fechar
Pelo menos 30 mil estudantes serão impactados. Na capital, 19 unidades correm o risco de serem fechadas, atingindo cerca de 11 mil estudantes. A Secretaria da Educação do Estado (SEC) nega o número e diz que ainda não há a quantidade de escolas que passarão por mudanças. “O número divulgado pela APLB não corresponde à realidade”, disse a SEC, em nota.
Enquanto isso, pais e responsáveis pelos alunos estão preocupados com as consequências do plano. Além da violência, os custos com transporte e as questões sociais integram o rol de transtornos que preocupam pais de estudantes em Salvador.
Custos
Como boa parte das escolas atende a moradores das próprias comunidades, o fechamento deve elevar custos com deslocamento. No caso de alunos mais novos, aqueles do sexto ano, por exemplo, a despesa é dobrada, pois pais ou responsáveis têm que buscar e levar os estudantes.
Nessas localidades, as escolas funcionam também como espaço de lazer e cidadania, com atividades que envolvem a comunidade do entorno, inclusive nos finais de semana. Outra consequência é uma possível superlotação de salas, uma vez que os alunos de unidades fechadas devem ser transferidos para outras escolas.
Medo
Priscila Vencimento tem três filhos. Em Campinas de Brotas, dois já estudam no Henrique Brito – que tem 182 alunos matriculados. Ex-aluna da escola, ela ressalta que a unidade tem boas condições de infraestrutura e boa relação com o bairro.
“Quando meus filhos vão para a escola, fico tranquila. Não sei como vai ser se tiverem que mudar. A unidade mais próxima fica a três quilômetros, e as demais, em áreas em que há guerra de facções”, salientou.
A dona de casa Tatiane Santana, 37 anos, também tem um filho matriculado no Henrique Brito. “Se ele for para o Colégio Góes Calmon (na Avenida Dom João VI), o mais próximo, terá que pegar ônibus. A gente não tem dinheiro. São R$ 3,70 para ele. E eu, se quiser levar e buscar, gasto R$ 14,80”, reclama.
O professor Glauber Santana, que ensina educação física há 19 anos no Henrique Brito, afirma que os docente estão mobilizados para manter a escola funcionando. Segundo ele, a violência e o custo com o transporte são as principais queixas dos pais que procuram a escola diante do possível fechamento.
“Ter a escola próxima das comunidades é fundamental. Para além da educação, é uma questão social, de qualidade de vida”, diz Glauber Santana. Na próxima segunda-feira, alunos, pais de estudantes e professores da unidade vão fazer uma manifestação na Avenida Bonocô contra o plano de reestruturação.
Amaralina