Foto: Allan White/ Fotos Públicas
O esquema de envios em massa de mensagens pelo WhatsApp durante as eleições deste ano teria cometido fraude para garantir que o serviço fosse mantido. De acordo com a Folha de S. Paulo, elas utilizaram o CPF de idosos para instalar os chips de celular utilizados no processo que beneficiou políticos.
Segundo a reportagem, publicada neste domingo (2), as informações foram retiradas de relatos feitos ao jornal e de um processo na Justiça do Trabalho. Entre as empresas irregulares, estaria a Yacows, especializada em marketing digital e subcontratada durante o pleito pela AM4, produtora que prestou serviço ao presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).
O ex-funcionário Hans River do Rio Nascimento, que move um processo trabalhista contra uma das empresas supostamente envolvidas, detalhou à Folha como funcionaria a fraude. Segundo ele, três empresas atuavam em conjunto: Yacows, Deep Marketing e Kiplix. Como a lei exige o registro de quem utiliza uma linha de celular, as empresas de disparo de mensagens teriam cadastrado números sob CPF e datas de nascimento de pessoas entre 65 e 86 anos, que ignoravam o uso de seus dados.
Nascimento apresentou fotos de salas cheias de computadores ligados a celulares e chipeiras - equipamentos que usam chips para anular o WhatsApp e permitir o disparo de mensagens -, assim como caixas repletas de chips. Ele contou que o trabalho foi intenso durante a campanha, incluindo trabalho aos fins de semana, e que 99% do que faziam estava relacionado a campanhas políticas. O resto estaria ligado à empresa de cosméticos Jequiti.
Também foram apresentadas mensagens trocadas entre funcionários das empresas sobre o uso de robôs para disparos de mensagens, o que é proibido.
Nos documentos publicados, não há referências a Bolsonaro, e o ex-funcionário também não específica quais campanhas foram beneficiadas com as supostas fraudes.
Em resposta à matéria, a Yacows diz que não há evidências de atos ilícitos no processo trabalhista movido por Nascimento, e que não foi contratada pela equipe de Bolsonaro para distribuir conteúdo eleitoral, assim como as demais empresas que possuem sócios em comum (Deep Marketing e Kiplix).
Uma reportagem da Folha sugeriu que empresários teriam pago para impulsionar mensagens anti-PT durante as eleições para beneficiar Bolsonaro. O à época candidato negou qualquer irregularidade e disse que contou com o apoio voluntário dos próprios eleitores.
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